Pela primeira vez na minha vida eu quis ser uma máquina. Não ter que me preocupar com sentimentos tais como esperança e amor. Sentimentos esses seriam meramente uma equação sem variáveis relevantes a ponto de haver de fato uma fórmula para o calculo.
É tão ruim me pegar revirando fotos antigas na minha memória. Fotos. Não são mais imagens postas em movimento que me fazem lembrar. Só imagens estáticas que foram extraídas de uma câmera após um flash. Ao menos deveriam ser assim até eu lembrar algumas delas.
Estou cansado de lembrar coisas que deveriam ser boas. O verbo ter se tornado um verbo do passado faz com que cada uma dessas lembranças me faça chorar. Não por eu lembrar delas. Apenas por não mais poder vivê-las.
Não estou generalizando e falando de qualquer memória que tenho. Eu não choraria ao lembrar a primeira vez que andei de bicicleta ou do meu primeiro beijo. Eu fico triste ao lembrar DELAS. Pois é. Eu que sempre tento continuar andando me vejo parado de frente para uma parede onde só existem fotos delas.
Não é tão ruim lembrar delas por um lado. Porém, por outro é desesperador. Eu ainda lembro-me do perfume de uma delas, do beijo de outra, e dos cabelos de outra entre os meus dedos ao passar a mão pela nuca dela. Esses fatos não me fazem mal algum. Consigo viver com cada um deles com serenidade.
Os fatos ruins são trazidos após o esquecimento. Quando eu acho que esqueci, mas apenas consegui omitir certos fatos de mim mesmo. Tal como a risada de uma delas. Uma dessas com quem me envolvi sentimentalmente. Uma risada feliz e contagiante que fez de mim um poeta triste e amargo, talvez. Ela sorriu e eu sorri de volta. Ela sentia alegria e eu inveja e mágoa.
O que foi dito na conversa não importa. Nada ali me ajudou. O que eu disse para mim mesmo que deveria importar. Mas o máximo que eu consegui foi pensar na frase clichê "umas se ganha, outras se perde" e "acontece".
O que me faz querer me tornar vazio tal como uma máquina? O fato dela estar feliz e saber que ao contar a ela a minha infelicidade ela deixará de ser feliz. Sendo vazio, o meu estado sentimental seria inexistente e faria com que ela não fosse afetada.
No fim das contas eu entendo aquela história melosa que diz: "quero que ela seja feliz mesmo que com outro". É história de perdedor, corno, fraco... Todos esses são desistentes, pois ao desistir nada mais consumirá a mente deles. Eles simplesmente abdicam do compromisso que tem com o sentimento.
Pena eu não conseguir fazer isso por ser esperançoso, paciente (odeio esperar, mas tenho), calmo e apaixonado. Ainda apaixonado. Eu preferia ser simplesmente fraco. Eu perderia e desistiria. Mas agora estou eu aqui. Perdi, mas quero lutar. Só preciso de uma chance. Mas não sei se acredito que a terei.
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