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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Começo, meio e fim.

Parece tão boa a idéia de poder lembra de tudo com exatidão quando a gente vê um momento feliz atrelado a um momento triste. De repente parece que você lembrar faria toda a diferença e você saberia qual rumo tomar. Fixado em uma maneira de deixar a felicidade se sobrepor, você acaba sempre com um gosto amargo na boca, porque você desconfia que tem algo diferente.

Eu acabo me vendo pensando em um filme de romance que eu vi por acaso. Filme muito derrotista, por mais que toda a história girasse em torno de algo corriqueiro e atual. Odeio filmes assim, mas eu vi por indicação e talvez isso tenha feito ele ser menos repulsivo. O caso é que eu me deparo com a situação do personagem principal que só no final do filme ele lembra de tudo com exatidão e percebe que a felicidade era "forjada" e que nunca teve nada além de tristeza. Ele só conseguiu ser feliz porque ele quis ver dessa maneira, mas depois se deu conta desse equivoco. Que inveja desse personagem fictício.

Gostaria de ter um momento em que um flash passasse pela minha mente e me mostrasse um erro que eu cometi, como parece ser no filme. Algo gritante que fizesse eu me dar conta de como eu ludibriei a minha tristeza para que a felicidade ganhasse por pouco, porque a felicidade era o mocinho da história e a tristeza, o vilão. Eu devia ter escolhido "verdade" e "mentira" em vez de "felicidade" e "tristeza" para atuar nesse filme que eu chamo de vida. Eu paguei caro por esse erro.

E no fim tudo se resumiu a algo muito simples. Eu gostaria de achar um motivo bom o suficiente para me satisfazer e ver que a realidade é como tem que ser. Não uma resposta que dissesse algo diferente. Eu gostaria de realmente enxergar fatos e não só respostas que parecem tão vazias diante de atos e reações. E acaba que não parece ser possível. Algo me impede. Complicado...

Talvez seja preciso ter uma memória fotográfica, de fato. Talvez eu só precise me esforçar e lembrar do que aconteceu e não do que eu acho que aconteceu. Talvez nenhum dos dois. Eu só gostaria de saber, mas já se passou muito tempo. Na realidade não importa e eu só me dei conta há alguns momentos atrás. Hoje em dia isso não tira mais meu sono. Eu creio que isso é mais importante. Acredito que assim seja bom o suficiente.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Visão, audição e tato.

Faz tempo que eu não tenho vontade de escrever algo. Esse estado em que eu me encontro não faz deixar aflorar uma inspiração concreta em mim e eu acabo somente vendo os dias passarem. Mas hoje eu fiz algo diferente. Na verdade é algo que eu faço todos os dias, mas que por acaso me fez refletir.

Eu hoje toquei meu violão. Coisa que faço todos os dias em que paro em casa e toco ao menos por meia hora no decorrer do dia. Isso nunca foi algo que me fizesse refletir. Meu violão é um companheiro de lembranças e sonhos. Já fui a muitos lugares com ele e já lembrei de muitas coisas.

O fato é que hoje eu estava tocando o meu violão, acabou a luz e eu por um instante deixei de tocar e assimilei o ocorrido. Não foi nada de mais, foi meramente uma queda de energia. Durou poucos segundos. Foi o tempo de eu levantar calmamente da minha cadeira segurando meu violão e olhar para a lâmpada. De repente a luz voltou.

Voltei a me sentar e continuei a música que estava tocando e por algum motivo ela não estava soando bem como antes da queda de energia. Eis que eu coloquei meu violão de lado e pensei nisso por um instante deitado na minha cama encarando o teto. Levantei-me, apaguei a luz e voltei a tocar e funcionou. A melodia parecia novamente ser agradável. Após tocar por alguns minutos novamente deixei meu violão descansar e fui fazer outras coisas.

Depois de fazer algumas coisas e parar de novo no meu quarto, eu peguei novamente meu violão para tocar. Acendi a luminária e comecei a dedilhar(coisa que não faço muito) e não prestei muita atenção no som. Somente nos movimentos dos meus dedos. Não era nada complexo e nem soava como uma música que revolucionaria o mundo, mas eu me peguei fixado no movimentar dos dedos. Uma mão acompanhando a outra de formas diferentes.

Depois disso fiquei pensando até agora. A vida tem muito desse tipo de coisa. Você quando tem algum laço com alguém segue em uma mesma direção, mas de formas diferentes. E como em uma música improvisada, você não sabe qual o fim e nem se será harmônico, tampouco se o compasso continuará igual. Se torna tudo uma questão de feeling. Torna-se uma questão de desligar a luz, ouvir o som e sentir o movimento dos dedos. E se der sorte não errar nenhuma nota.