Pages

domingo, 29 de maio de 2011

O que você faz sem saber quando triste?

Um fim de tarde depois de um dia estressante Sandra vai até uma cafeteria que é na esquina da Terceira com a Sétima. Tinha sido um dia onde ela teve que despedir três pessoas que estavam com um rendimento muito abaixo dos padrões da empresa. Ela tentou argumentar com o chefe, mas não houve nada que ela pudesse fazer. Eles tinham que ser cortados.
Ela pega o seu capuchino e senta na sua mesa. Ela fica encarando a xícara por meia hora até dar o primeiro gole. Sente o café morno tocar seus lábios e descer sem levar as preocupações com ele. Ela levanta e tira uma nota de dois e uma moeda de um da bolsa e deixa sobre a mesa ao lado do café praticamente intacto.
Ela sai do bar e começa a andar para o seu apartamento que é a três quadras dali. Ela passa por um bar e depois de dar quatro passos ao passar da porta ela para, olha para a porta sem se virar e segue até a porta. Vai até o balcão e pede um copo de whisky com gelo. Senta-se em uma mesa e dá um gole. Dessa vez ela, que não costuma beber, se fixa mais em se manter sem sentir tonteira do que nos problemas que ela tinha há pouco.
Após terminar o terceiro copo ela deixa na mesa uma nota de dez, outra de cinco e uma moeda de um. Vai seguindo até o seu apartamento que é no fim do bloco. Carrega os sapatos em uma mão e a bolsa em outra. Quase cai ao tropeçar na escada, chega até a sua porta e chega finalmente em casa.
Depois de dois meses ela acaba se deparando com o mesmo dilema. Ela ter que despedir pessoas ou confrontar o chefe até conseguir que ele reconsidere. Novamente a submissão pesa mais sobre seus ombros e dessa vez quatro pessoas são despedidas pelos mesmos motivos que os anteriores.
Fim de expediente e ela segue a mesma trajetória que da ultima vez até seu apartamento. O engraçado é que ela nunca percebe que ela nessas duas vezes e tantas outras vezes em que ela se sentiu de alguma maneira triste e foi se distrair tomando um café ou fazendo qualquer outra coisa, ela pagou usando notas e deixando apenas uma moeda de um.

E se ela tivesse reparado? E se alguém perguntasse o motivo dela fazer isso? Será que não bastaria para que ela esquecesse dos problemas até o dia seguinte?

Eu também não sei.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mais um filme, mais um texto.

Eu me peguei hoje pensando em um filme que eu via tem alguns dias. Foi um filme que eu vi quando passou no cinema, mas nunca tinha parado pra ver de verdade. No cinema eu estava acompanhado de amigos e não consegui me fixar ao filme devido a comentários e brincadeiras baseadas na imaturidade da época.

Não é costume meu assistir filmes de drama e muito menos um filme onde o ator principal é conhecido por fazer filmes de comédia. Porém, esse dia eu me arrisquei e novamente me arrisquei há alguns dias atrás.

O filme conta a história de um homem que causa um acidente e se sente culpado por matar sete pessoas. E o filme retrata a história dele buscando boas pessoas para receber os órgãos dele e as propriedades no momento em que ele morrer. É um filme pesado e que em vários momentos o diretor tenta fazer o espectador se emocionar.

O que me fez pensar é o fato do principal achar que o meio de se redimir é se matar e doar tudo o que tem para quem merece e quem possibilita essa doação é seu melhor amigo. O amigo em momento nenhum parece concordar com essa idéia, mas ele havia prometido e ia cumprir apesar de qualquer coisa.

Será que se eu acabasse na situação do personagem principal eu ia fazer isso que ele fez? Ao me perguntar isso eu não soube responder. Não sei se eu carregando tamanha culpa conseguiria me imaginar vivendo de qualquer maneira mesmo que tendo partes de mim sendo "carregada" por outra pessoa. Eu não sei se nem isso eu ia conseguir achar que eu mereço.

E tem o melhor amigo que cumpre a promessa de dar esses "presentes" pra cada uma das pessoas selecionadas. Não creio que eu tenha um amigo que consiga cumprir tal promessa porque nenhum amigo meu ia conseguir fazer parte de um plano suicida. E se conseguisse, creio que ele ia chorar por muitas noites até conseguir lidar com isso. Por fim seria injusto pedir tal coisa a qualquer amigo.

Por fim eu penso... Será que é preciso uma morte motivar uma pessoa a valorizar a vida? É tão necessária que haja uma força contrária na vida de alguém para que surja uma visão de valor? Eu não sei responder nenhuma dessas perguntas. E isso me dá medo.

domingo, 1 de maio de 2011

Contradição que perdemos com a idade.

Durante um certo tempo eu fiquei sem escrever alguma coisa. Eu queria saber se alguma idéia iria se manter intacta diante de algum tempo e calhou de acontecer. Eu até hoje procuro uma resposta pra uma pergunta simples, uma resposta que eu talvez tenha conseguido, mas que nunca teve aparência de resposta.

A pergunta que eu venho feito para mim mesmo é simples. É aquela velha história de insultos e egoísmo andando juntos. Você deve conhecer... é aquela situação onde o seu/a sua amigo/a está chateado com alguma coisa e fala mal de tal coisa. Fala tudo o que tem que falar sem nenhuma pena e compartilha a dor com você e você escuta e dá o apoio que ela precisa. Até aí é só a parte dos insultos. Nenhum problema até aí. Começa a ser um problema quando você concorda insultando aquilo que acabou de ser insultado.

Não ficou claro, certo? Vou exemplificar: Meu amigo chega para mim e conta que a sua prancha de surf quebrou e que era um lixo, que só quebrava galho e que odiava aquele pedaço de isopor. Você sendo amigo concorda dizendo algo do tipo: "realmente, aquela porcaria não vai fazer falta." e o problema começa porque você insultou o que ele acabara de insultar, mas não pode. Só esse meu amigo que pode insultar porque ele que era o dono da prancha. Tem nexo nisso? Eu não vejo.

Tudo bem que esse tipo de coisa geralmente está atribuído a um objeto ou a uma pessoa que tem um nível de importância para quem está insultando, mas já que é importante assim, por que a pessoa insulta e só ela pode insultar? Pessoas me disseram que é raiva do momento, mas se você diz algo que é verdade está tudo bem e se alguém concorda com você e continua dizendo a verdade não está mais? Que coisa idiota isso. Ou você gosta ou não gosta, ou fala bem ou mal. Meio termo existe, mas gostar e falar mal é ilógico. Se você tem raiva, resolva. Insultos vagos agarrados em um egoísmo ilógico faz você parecer um/a idiota. Ou você gosta de parecer ter 12 anos?