Ela pega o seu capuchino e senta na sua mesa. Ela fica encarando a xícara por meia hora até dar o primeiro gole. Sente o café morno tocar seus lábios e descer sem levar as preocupações com ele. Ela levanta e tira uma nota de dois e uma moeda de um da bolsa e deixa sobre a mesa ao lado do café praticamente intacto.
Ela sai do bar e começa a andar para o seu apartamento que é a três quadras dali. Ela passa por um bar e depois de dar quatro passos ao passar da porta ela para, olha para a porta sem se virar e segue até a porta. Vai até o balcão e pede um copo de whisky com gelo. Senta-se em uma mesa e dá um gole. Dessa vez ela, que não costuma beber, se fixa mais em se manter sem sentir tonteira do que nos problemas que ela tinha há pouco.
Após terminar o terceiro copo ela deixa na mesa uma nota de dez, outra de cinco e uma moeda de um. Vai seguindo até o seu apartamento que é no fim do bloco. Carrega os sapatos em uma mão e a bolsa em outra. Quase cai ao tropeçar na escada, chega até a sua porta e chega finalmente em casa.
Depois de dois meses ela acaba se deparando com o mesmo dilema. Ela ter que despedir pessoas ou confrontar o chefe até conseguir que ele reconsidere. Novamente a submissão pesa mais sobre seus ombros e dessa vez quatro pessoas são despedidas pelos mesmos motivos que os anteriores.
Fim de expediente e ela segue a mesma trajetória que da ultima vez até seu apartamento. O engraçado é que ela nunca percebe que ela nessas duas vezes e tantas outras vezes em que ela se sentiu de alguma maneira triste e foi se distrair tomando um café ou fazendo qualquer outra coisa, ela pagou usando notas e deixando apenas uma moeda de um.
E se ela tivesse reparado? E se alguém perguntasse o motivo dela fazer isso? Será que não bastaria para que ela esquecesse dos problemas até o dia seguinte?
Eu também não sei.
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