Eu encontrei as suas cartas, amor. As suas e de muitas outras pessoas. Nem parece que fazem tantos anos desde esses momentos de glória retratados em cada uma das cartas. Todas cheias de amor e cheias de carinho. As suas são as melhores, sua boba. Deixa de besteira.
Olha essa carta aqui daquele amigo que brigou comigo por causa de um rabo de saia. Nem acredito que eu ainda tenho isso. Achei que as traças iam se livrar dessa carta antes que eu pudesse vê-la de novo. Que engraçado encontrar ela aqui nessa caixa que estava tanto tempo na nossa garagem.
Veja só esta carta aqui, meu bem. Ainda tem um resquício do perfume da menina que me escreveu. Não, amor! Tudo bem, agora é lixo essa carta...
Ah... Eu lembro desta aqui. Foi de quando eu briguei com uma grande amiga minha. Sim, minha linda. Era só uma amiga. Ela que me ajudou quando papai faleceu. Ela me salvou da depressão. Eu já te contei sobre ela, não é? Pois é, estou vendo que nessa caixa estão contidas mais boas lembranças do que ruins. Que bom!
Nossa! Lembra-se dessa carta, querida? Sim, é ela sim! Essa é a primeira carta que eu recebi sua. Da época em que nós ainda estudávamos. Eu te disse que tinha guardado em um lugar seguro e que não a tinha perdido. Que lembrança boa.
Dessa eu não me lembro. De quem será? Ah, sim. Lembro bem dessa mulher. Eu ainda era jovem. Devia ter por volta de 30. Quando li essa carta eu tive certeza de que eu soube o que era amor. Foi uma pena ter acabado do jeito que acabou. Sorte que o destino me deu uma chance de verdade e eu te conheci.
Tem muitas cartas que não tem mais nem como saber quem escreveu. Olha só isso. Parece que dessa só sobrou um quarto. Traças malditas. Levaram talvez umas boas lembranças embora. Ao menos deixaram algumas outras. Isso basta.
Já se passou muito tempo! Olha só a hora! O chá já deve estar pronto...
Bom, vamos parar de mexer nessas caixas cheias de poeira. Vamos lá para dentro. O chá vai esfriar.
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