Me vejo deitado na cama olhando para o teto por cerca de três horas e daqui a duas horas tenho que voltar para o trabalho. Aquele lugar fétido cheio de pessoas falsas e que somente estão ali para sugar toda a capacidade pensante das pessoas em cargos abaixo dos deles e usar para benefício próprio. Aproveitadores malditos que me enojam.
Passaram 2 horas e meu expediente nem está pela metade. Não acredito que eu consegui resistir esse tempo todo com essa dor de cabeça e essas mãos trêmulas apenas com um copo de café e um analgésico. Não sei se as seis horas que me restam vão passar com tanta facilidade como essas ultimas duas. Espero que sim.
Até que a hora do fim do expediente chegue, pretendo ir muitas vezes ao banheiro para poder espairecer já que aquele gordo que eu chamo de chefe fica passando no corredor de quinze em quinze minutos para ficar observando se todos estão trabalhando como os escravos que ele tanto queria ter. Como eu odeio aquele idiota.
Já passam das nove da noite e era para eu ter saído daqui tem três horas, mas novamente a desgraçada da minha supervisora veio com aquele tom de voz de quem está querendo me chantagear e falou que "gostaria" que eu ficasse fazendo hora extra para compensar as faltas da semana no meu setor. Vadia. Deve estar fazendo sexo novamente com aquele cara do quinto andar. Boçal que não sabe que essa vagabunda tem aids. Bom, essa foi a unica vez nesse dia em que eu esbocei um leve sorriso.
Cheguei em casa novamente e lá estava eu... deitado na cama entorpecido de remédios que me fariam dormir, mas me mantém acordado num estado vegetativo e estático. Me sinto morto cada dia que passa enquanto aqueles miseráveis do meu trabalho sugam toda a minha vida e transformam em dinheiro.
Por volta das cinco da manhã eu consigo dormir e seis e meia eu acordo para mais um dia de trabalho. Se é que eu posso chamar aquilo de trabalho. Aquilo é uma chacina intelectual. Se as barbaridades estupidas que eu escuto e vejo todos os dias fossem sangue, acho que eu estaria naquela cena do filme do Kubrick onde vem uma onda de sangue e enche um corredor inteiro. Eu não acredito que ainda não tomei nenhuma atitude. Gostaria de ser alguém diferente nesse ponto.
Quando abro a porta de casa eu esbarro com o carteiro e ele me entrega a encomenda que eu estou esperando cerca de três meses. Volto para dentro de casa eufórico e abro a caixa como uma criança abre seu presente de natal na manhã do dia vinte e cinco. Ela é linda. Preta, com um cartucho cheio. Pesa cerca de quatrocentos grama e é perfeita.
Minhas mãos começam a tremer mais ainda, vejo meu coração batendo pela minha camisa e minha respiração está pesada demais. Tomo todas as pílulas que encontro e caio na cama sem saber o que eu fiz.
Acordo duas horas depois com o telefone tocando. É o gordo me ligando perguntando onde eu estou. Nesse momento eu já não sou eu mesmo. Eu não respondo nada, apenas desligo meu telefone, visto uma gravata e boto a minha arma na cintura.
Ao chegar no escritório me tranco com o meu chefe na sala dele e o torturo até ele morrer de hemorragia, logo depois vou até a sala da minha supervisora e faço ela ir para a sala do boçal do quinto andar e mostrar pra ele um exame de sangue dela que diz que ela é soro positivo e logo depois disso dou um tiro na cabeça dela.
E essa é a minha história. Eu não quero saber o que o juri vai achar, meritíssimo. Eu estou cagando para esses idiotas desocupados que estão aqui ouvindo essa ladainha para ganhar dez reais. Eu estou em paz, eu consigo dormir todas as noites e acordar com um sorriso no rosto. Eles me mataram por oito anos. Eu só os matei um dia. Acho justo.
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