domingo, 29 de novembro de 2009
Um pouco de Vinicius e de mim.
"Procura-se um amor."
Não precisa ser novo. Não precisa ser perfeito, não precisa ser muito imperfeito, só precisa ser único. Esse amor tem que ser corajoso diante do tempo, não se abalar com rachaduras feitas pela mágoa e nem precisa ser algo que aparece quando menos se espera. Tem que gostar de carícias, de beijos que trazem saudade e de lágrimas trazidas com palavras apaixonadas.
Não tem problema se for de segunda mão... Mesmo que seja de terceira. Tem que ser um amor que eu e ela chamemos de "nosso", que seja cristalino para quem olhar ver a perfeição, mas não que isso o torne invejado. Tem que deixar criar um espaço para surgir uma saudade, mas quando ela surgir o amor nos aproximar para que ela vá embora. Ele não pode deixar de ser puro, mas se acabar sendo impuro que seja por pouco tempo.
Procura-se um amor que não se acanhe quando mimado. Que se emocione ao ouvir o primeiro "te amo" e que se for ouvir o último que seja refletindo lágrimas de saudade. Um amor que contemple as mesmas coisas simples que eu. Que goste de canções, de palavras de ternura, do vento, do frio de uma manhã de julho e de um fim de tarde na praia. Que entenda quando eu me entristecer, que esteja lá para resgatar tudo de bom que aconteceu na infância.
Procura-se um amor simples, um amor que saiba amar e que se deixe ser amado. Um amor que se mostre com um olhar, que se mostre com um sorriso e que pareça eterno dentro de um mero segundo. Quero um amor que pareça imaginário, que pareça irreal... Para assim poder haver uma singularidade intocável somente entre eu e ela.
Se existir algum amor assim é só me encontrar. Eu já estarei esperando.
Foi mais ou menos o que eu pensei. Mas é tudo que eu quero.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Quando ocorre de acordo com o plano...
Todo dia a gente acorda sabendo que vai ser mais um dia e espera que seja melhor do que o dia ruim que passou e menos pior do que os dias ruins que você sabe que virão. É aquele sentimento que às vezes é positivo ou negativo. Não tem como saber que dia você quer que seja bom ou qual você apenas deseja que não seja ruim.
Um dia desses eu acordei desejando que fosse bom. O engraçado é que eu estava realmente crendo que seria. Por um simples fato... Que aquele dia eu tentaria tirar para me distrair através de risadas por meio de uma conversa ou algo do gênero. Nada de mais. Algo até simples de se esperar de um dia onde o sol estava escaldante e não parecia um dia muito diferente dos outros daquela semana.
Fui fazer meus afazeres diários e ir para os lugares para onde vou todos os dias. Não vou te dizer que o que me motivava para querer um dia feliz era alguma esperança. Era algo diferente. Eu só sabia que seria. Não sei bem o motivo.
Eu encontrei os amigos que vejo diariamente e acabei parando para conversar com os mesmos. Não houve algo fora do comum dentro da conversa. Algum papo aleatório, mas que era bem descontraído e divertido. Esses são os papos que você gosta de ter no fim de tarde, tal como era aquele.
O dia já estava bom. Já estava anoitecendo e eu me via feliz sentado em uma cadeira diante de alguns amigos em uma roda de cadeiras conversando coisas engraçadas. Não foi algo que eu duvidasse que acontecesse naquele dia onde eu achava que tudo ia dar certo. Parecia tudo bem como o planejado.
Mas não tinha como um dia melhorar se não fosse por causa de uma mulher. É, amigo(a)... Sempre acaba sendo assim. Eu que nem esperava isso naquele dia... Me deparei com uma situação onde eu adoraria ter criado. Irônico.
Puxei papo com uma garota que eu julgava ser legal e ter um "papo cabeça". Eu estava sentindo falta disso. Não tinha papos que fluiam naturalmente com alguém já fazia um tempinho. Então fui me arriscar a ter um "papo cabeça" com a garota. Acabou nem sendo um papo filosófico. Foi um papo normal, só que a diferença é que fluiu naturalmente. Não houve aquelas mudanças de assunto bruscas para matar o silêncio, nem um papo pré-definido para chegar algum lugar. Só aconteceu.
Acabou que esse papo me fez ver o quão bela ela era por dentro. Por fora eu já tinha visto, mas tento nunca me deixar levar apenas pelos meus olhos. Papos com risadas, que eram parecidos com os meus e gostávamos da coisas similares. Isso me fez pensar em terminar aquele dia com um beijo.
Acabamos nos deparando com um papo sobre o que ver numa outra pessoa para que se sinta aquela atração por ela. Eu disse que me deslumbrava por um olhar que parecia ver mais do que a vista enxergava e ela disse adorar um papo em que a pessoa tivesse opiniões boas e que soubesse debater sobre assuntos variados. Isso parecia se encaixar bastante.
Não consegui e acabei sedendo. Eu tive que lhe pedir um beijo. Fiz isso torcendo para que eu não tivesse feito aquilo em vão, pois eu acabara querendo de verdade um beijo dela. Nem mais pensava naquele dia agradável. Só pensava em terminá-lo de um jeito perfeito. Para que pudesse chamar o dia todo de perfeito.
E no final foi um dia perfeito, de fato.
domingo, 22 de novembro de 2009
Lembrete: "Não esquecer de lembrar."
O que eu pensei hoje pode até acabar tendendo para um desses assuntos, mas em um todo não parece com nenhum desses. O que eu pensei é até parecido com o relacionado a tempo, mas não de uma forma direta.
Bom... Eu me peguei pensando em algumas coisas que esqueci e de outras que lembro. É... Simples assim. Eu me lembro de muitas coisas que gosto, outras que não gosto, mas lembro. Por outro lado tem coisas que eu julgo importantes e eu não lembro. Estranho, não?
Eu me lembro do meu primeiro beijo, mas não me lembro do último. Beleza... O primeiro foi importante e o ultimo talvez não tenha sido tão importante assim ou simplesmente foi um beijo que eu quis esquecer. Pode ser esse sentimento de "querer esquecer" que tenha feito eu esquecer de tanta coisa.
Eu me lembro da primeira vez que sofri um acidente em que tive que levar pontos, lembro da segunda e da terceira. Não me lembro do ultimo machucado que tive. Nenhum machucado, na verdade. Talvez os que tenham marcado tenham sido os que machucaram mais.
Não me lembro do meu primeiro natal, na verdade nem lembro do último. Os natais são sempre tão chatos que deve ser por isso que eu não lembro bem deles. Só lembro de um que eu não passei em casa.... Não, foi um revellion. Talvez no fim das contas minha memória que seja péssima mesmo, mas o caso não é esse.
Somente gostaria de lembrar mais coisas. Tudo bem que ficar tão ligado ao passado é ruim e faz você não viver o presente e coisa e tal... Mas eu gostaria de lembrar mais coisas. Lembrar de mais sorrisos, de mais filmes, de mais olhares, de mais bobagens faladas e feitas, de mais desenhos, de mais pinturas, de mais músicas.
Tem muitas lembranças que eu queria ter que são bobas e inúteis, mas tem as que eu considero bem úteis tais como: certas coisas que eu soube falar em momentos certos, conselho que pude dar, lágrimas que sequei, abraços reconfortantes que dei, beijos de despedida, beijos de chegada...
Pela psicologia nós não esquecemos de nada praticamente. Somente não lembramos tudo pelo simples fato de não ser necessário ou não nos fazer bem. O chato é pensar em tantas coisas que não te faz bem e não conseguir lembrar da primeira vez que você foi pescar com o seu falecido avô. Bem chato.
Bom... Eu não lembro muita coisa, mas se você ler isso tente se lembrar do que leu. Faria muita diferença para mim. Isso faria com que eu lembrasse de você por um bom tempo.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Algo que não vejo e algo que faço.
Tem quem diga que é extremamente difícil escrever do modo que eu escrevo, pois nem se expressar verbalmente consegue, se quer escrevendo. Também diz que eu escrevo de um modo legal que mostra algo muito mais além do que parece ter acontecido.
Eu não entendo o que há de difícil em tentar olhar tudo por um ângulo onde existem sentimentos e desejos. Não é nada de mais para mim. Veja bem, não estou me gabando nem nada, só estou dizendo que isso flui naturalmente. O que eu não entendo é o motivo de não fluir com todos. É algo que não acontece por não fazer parte da pessoa ou a pessoa que não se permite?
Mas essas são só coisas sobre pessoas que gostam de ler as bobagens que eu escrevo. Tem quem não goste e fala que não gosta e tem que fale que gosta, mas não leva fé no que eu escrevo. Parece elogiar, mas no fundo dizer que é tudo mentira... Diz que eu falo do jeito que falo para parecer mais apaixonado do que sou ou que fui.
Bom... Realmente eu poderia falar os fatos, não o que eu senti com tais fatos. Ser menos perceptivo e mais objetivo. Complicado? Deixa eu dar um exemplo. Vou tentar ser simples e sussinto. Só imagine essa situação: "Um rapaz andando na rua vê um brinco caindo de uma mulher ruiva que ele achou que seria bonita, o pega do chão e devolve para a dona."
Uma situação simples e curta. Normal... O rapaz viu o brinco e devolveu para a mulher. Mas e se fosse assim: "O rapaz vê uma mulher bonita andando à sua frente. Era uma bonita moça. Ruiva, com um batom vermelho e olhos castanhos. Uma brisa bate em seus cabelos e o nariz do rapaz se depara com um doce aroma de um perfume suave e cítrico. A mesma brisa derruma um brinco da moça e ela não percebe por estar falando no celular e procurando algo na bolsa. O rapaz o pega e chega perto da moça para devolvê-lo. Ele sabia que ela era bonita, mas ficou deslumbrado com tamanha beleza de um simples olhar atarefado. Era um olhar profundo e preocupado. Eles não dizem nada um para o outro. Ela só sorri e pega o brinco. Os dois voltam a seguir o seus caminhos novamente depois disso."
Você achou exagerado e muito sentimental? Eu não posso te dizer algo gentil e legal se você achar isso. Só posso pedir que você pegue o jornal no caderno de economia e leia. Lá não tem esse tipo de besteira.
Pra uns é enrrolação, pra outros uma máscara... Eu sei que eu gostaria de ver o mundo sempre assim. Com detalhes e como se o tempo parasse toda vez que eu quisesse. Já que ao vivo não pode ser assim eu ao menos tento fazer ser assim aqui. Não faço para imprecionar. Faço para lembrar sempre de momentos simples que fizeram o tempo parar ou dos momentos que em que o tempo deveria ter parado.
domingo, 15 de novembro de 2009
Noite chuvosa.
Era quase meia noite e eu estava sentando no único bar que eu encontrei aberto até essa hora. Eu vestia o meu terno barato e carregava meu chapéu, minha e uma capa... Fora isso só o que mais tinha comigo era a companhia do senhor Jack Daniels e o meu reflexo naquele copo meio cheio.
Eu não pensava em muitas coisas. Não era uma noite em que eu estava preocupado com alguma coisa que me fizesse querer parar naquele bar para beber até esquecer algum mal entendido ou algo parecido. Só queria pensar na minha vida.
Não vou dizer que consegui. Não consegui pensar em muita coisa. Fiquei olhando para o barman que era um homem que eu chamaria de peculiar. Moreno, 1,87 de altura com uns 94,5 quilos, uns 36 anos, usando um bigode mal feito e careca. Vestindo uma calça preta e uma camisa de botões cinza com respingos de bebidas e do suor que escorria pelo seu rosto.
Depois de me deparar com essa figura eu tentei pensar em algo diferente daquilo. Algo que não me desse pesadelos. Pena não ter conseguido nem ao menos chegar em algum ponto que me fizesse realmente refletir.
Quando parei de olhar para o barman e enchi o meu segundo copo com a garrafa que estava ao meu alcance entra um homem no bar. Era um rapaz comum. Negro, 1,70 de altura, calça jeans, uns 23 anos, casaco, guarda-chuva na mão que não lhe servia já que estava molhado e um boné.
O rapaz dirige-se da porta até o barman, faz seu pedido e o barman procura algo embaixo do balcão e quando levanta ele está com uma arma na mão e aponta para a testa do rapaz.
Eu não vou mentir e dizer que não me apavorei. Nem que eu me apavorei por ser algo que estava acontecendo na minha presença. Apavorei-me por ser possivelmente o próximo alvo. Mesmo assim me mantive sentado no balcão, sem esboçar nenhuma reação com uma mão no copo e a outra apoiada no balcão. Novamente... Eu não sou um bravo. Eu congelei mesmo.
O rapaz fica pálido e subitamente o barman abaixa a arma e sorri para o rapaz dizendo-lhe algo. O rapaz sorri de volta, aperta a mão do barman, dirige-se para a porta abrindo seu guarda-chuva e vai embora.
Eu fiquei pensando naquilo um bom tempo. No quarto copo eu chamo o barman e pergunto:
-Amigo, o que houve ali com o rapaz que entrou aqui pouco tempo atrás?
O barman esboça um sorriso e me diz:
-É uma história engraçada...
Diz isso e ri.
E eu ainda com no rosto uma expressão de incompreensão.
Logo o barman retoma dizendo:
-Vou te explicar... O rapaz entrou e disse para mim que não tinha nenhum lugar aberto a essa hora e que ele já havia tentado beber a água da chuva e não havia conseguido parar o seu soluço. Se havia algo que eu pudesse servir para ele para que o soluço fosse embora.
Eu não entendi direito e perguntei:
-E por que você em vez de servir uma água para o rapaz você apontou uma arma para ele?
O barman dá uma gargalhada ao ouvir a minha pergunta e me explica:
-Se água não funcionou a única coisa que funcionaria seria um susto. Realmente funcionou.
Eu concordei com o barman, ri junto dele, paguei minha conta e saí do bar.Indo para casa eu consegui pensar em uma coisa. Que eu duvido que alguém adivinharia como tinha sido a minha noite. Talvez eu fizesse um jogo de adivinhações sobre aquela "cena". Seria divertido.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Dois senhores e um jogo de xadrez.

Em uma conversa já iniciada entre dois idosos no parque... O rumo que a conversa toma é:
O estranho é já ter tido um monte de conversas assim.
Diz o senhor idoso que usa um chapéu panamá jogando com as peças brancas.
Mas meu, caro... O que tem demais nesse tipo de conversa?
Pergunta o senhor idoso calvo jogando com as peças pretas.
Vou tentar te explicar, velho amigo. Durante vinte e três anos eu pensei em uma conversa que eu tive com a minha falecida esposa. Não era uma conversa muito profunda, nem mesmo posso chamar de conversa. Foi mais um monólogo. Ela me disse coisas que eu já tinha escutado sobre o nosso relacionamento de longa data... Nada de mais.
E que coisas foram? E espera um momento... Não era ex-esposa?
Pergunta o senhor calvo.
Uma delas foi sobre o primeiro filme que vimos no cinema. Primeiro e único. Ela detestou.
E qual foi a outra pergunta? Ah... Deixa prá lá... Eu fiz besteira no jogo.
Diz isso se concentra no tabuleiro, pois moveu a peça errada.
E por quê?
Pergunta novamente o senhor calvo após movimentar o bispo.
Porque era um filme de guerra. Acho que o nome era "nossos mortos serão lembrados". Algo desse tipo. Ela detestava filmes de guerra e eu adorava.
Diz enquanto sorri lembrando-se das expressões faciais da esposa durante o filme.
E o que tem de tão diferente nessa conversa?
Pergunta novamente o senhor calvo.
Joga... É sua vez.
Diz o senhor de panamá antes de responder. Em seguida responde:
Na verdade essa conversa não tem nada de mais. Só que da ultima vez que ela falou algo assim para mim foi a vinte e três anos atrás.
Ao concluir a frase hesitando em mover a sua rainha. Ele joga e arruma seu panamá na cabeça.
Eu não entendo. Era uma conversa comum. Uma que vocês tiveram mais de uma vez durante todo o tempo de casados. Qual o problema dela ter tido pela ultima vez essa conversa a vinte e tantos anos atrás?
Pergunta o senhor calvo antes de movimentar o seu peão e após fazer sua jogada recosta na cadeira e cruza os braços.
Vinte e três anos.
Corrige o amigo.
Vinte e três anos atrás quando tive essa conversa foi através de uma carta. Ela já tinha me deixado e ido morar em outro país.
Diz isso abaixando seu chapéu panamá de modo que não desse para o amigo ver seus olhos que estavam começando a lacrimejar.
O senhor calvo descruza os braços, se senta mais para frente e diz:
Sabia que ela tinha te deixado, mas eu não sabia que ela tinha te deixado há tanto tempo atrás.
Tudo bem. Parece mais doloroso do que é. Fique tranquilo.
Diz o senhor de panamá arrumando novamente seu chapéu e limpando seus óculos embaçados.
Ele faz um movimento com a sua torre e diz para o amigo seguir com o jogo.
Mas me conte, o que tem de mais nessa tal "conversa comum de vinte e três anos atrás"?
Pergunta o senhor calvo ainda curioso.
É que foi uma conversa através de uma carta. Mas a carta não era para mim por mais que falasse da minha pessoa. Foi uma carta que por acaso foi enviada para o antigo endereço onde morávamos. Uma casa que está no nome dela que ninguém visitava. Ainda está mobilhada. Talvez ela ainda tivesse esperanças de voltar para lá.
Diz o amigo com no rosto um olhar de saudade. Não uma saudade com tristeza. Somente uma saudade.
O senhor calvo posiciona o seu pião e diz:
Xeque.
Bom, mas você pelo visto visitava aquela casa uma vez ou outra então? Ia lá para se lembrar dela ou algo parecido, certo?
Pergunta o senhor calvo.
Sim, claro. Não estava por ali por acaso e ia exatamente por esse motivo. Eu esperava encontrar algo lá que fosse um motivo para que ela voltasse. Isso eu não achei.
Um dia eu simplesmente tinha acabado de trancar a porta quando o vento acabou abrindo a caixa de correio. Quando eu fui fechá-la eu vi que tinha uma carta dentro. A carta parecia estar lá fazia um bom tempo.
E o que tinha nela?
Diz o senhor calvo recostando-se novamente na cadeira enquanto olhava para o amigo contando isso com os olhos fixos no tabuleiro enquanto punha uma mão esquerda no maxilar e a outra embaixo do braço esquerdo.
O que tinha nela? A conversa rotineira.
A-Ha!
O senhor de panamá responde e move seu rei e sai do xeque.
É esse o motivo de ficar abalado com a carta? Ser uma conversa rotineira?
Pergunta o senhor calvo coçando a sua cabeça com uma expressão facial de quem não entendia mais nada.
Deixe-me explicar. O fato de como eu encontrei a carta mudou todo o sentido da carta. A minha esposa, digo, ex-esposa... Eu estou ficando velho e mesmo assim não consigo chamá-la de ex. Impressionante. Enfim... Minha EX-esposa tinha escrito sobre a tal conversa que tivemos. Onde praticamente só ela falava e não explicou nada, não disse nada que eu não soubesse, mas o modo de eu achar a carta mudou o sentido da conversa.
Diz o senhor de panamá esboçando um sorriso sutil.
Ah... Agora faz sentido. Você ficou comovido com o modo do tempo e das circunstâncias terem deixado a conversa diferente.
Diz movendo sua torre e recostando novamente na cadeira com um olhar de quem tinha resolvido o mistério.
Não. Não foi por isso.
Xeque.
Diz o senhor de panamá e move seu bispo.
O senhor calvo continua recostado, mas agora com um rosto novamente confuso. Eis que retruca:
Pare de prolongar essa conversa e me diga logo o que tem de especial na carta.
Após dizer isso ele move seu rei.
O senhor de panamá olha para o jogo, não move peça nenhuma, olha para o seu amigo e diz:
O que tem de especial é que foi a primeira vez depois de tantos anos que eu tinha milhões de coisas para dizer para ela e que talvez estivesse com medo de dizer, mas não era por esse motivo... Uma das coisas que diria seria para que ela voltasse. Eu até hoje sinto falta dela. O que tem de especial na carta foi somente um momento onde eu talvez pudesse fazer algo, mas fiz de um modo "errado".
O amigo calvo pergunta com um olhar compenetrado:
O que você fez, meu caro?
O senhor de panamá pega o seu cavalo para movê-lo e antes de movê-lo diz:
Eu escrevi uma carta dizendo tudo para ela para que ele mesmo endereço onde eu achei a carta dela e nunca voltei lá para ver se a carta tinha sido entregue.
Eu tinha as palavras certas para serem ditas, mas nunca tive o momento certo. Disso eu tenho certeza.
O amigo calvo diz com uma voz de conformidade:
A carta deve estar lá. A sua ex-esposa está falecida afinal de contas. Não teria como pegar a carta.
O amigo tira o chapéu com a mão que não segurava a peça do tabuleiro bota na altura do peito o chapéu e diz para o amigo sorrindo:
Ela fez eu prometer antes de partir para falar dela como se ela estivesse morta, mas na verdade não está.
Faça um favor para mim e guarde este segredo. Fale dela do mesmo modo que eu e se um dia ela acabar encontrando esta carta faça cara de surpreso.
Xeque mate.
O senhor de panamá põe de novo o chapéu após dizer isso e aponta o tabuleiro para o amigo.
O senhor calvo faz uma cara de surpreso com a jogada e quando o amigo vê tal expressão diz com um sorriso brincalhão no rosto:
Faça exatamente esta cara de surpreso. Será convincente.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Eu acho que não existe alguém que não tenha ficado inspirado nunca. Pode não ter feito ou sentido nenhuma das coisas as quais citei, mas que simplesmente se inspirou.
É algo que você sabe de onde vem, eventualmente, mas nunca espera que venha e quando vem você acaba se surpreendendo. Pode ser a primeira ou a milésima vez que você se deparou com a inspiração. Ela sempre te atinge com um gosto de novodade e uma motivação repentina e gostosa.
Não consigo nem descrever como é me sentir assim. Exemplos são fáceis de se dar sobre o assunto. Dificil é explicar mesmo esse "momento" que chamamos de inspiração. Eu acho que o motivo de não haver uma explicação certa para isso é o fato de ser sempre algo novo e inesperado. Talvez seja isso. Não sei dizer.
O fato é que é ótimo se deparar com esse momento prazeiroso e reconfortante. Eu, particularmente, me sinto muito mais vivo. Talvez seja só eu que sinta uma euforia enorme de ver algo que me motive a fazer coisas sozinho. Criar coisas que talvez ninguém tenha feito igual. Eu acho maravilhoso.
Chato é quando a inspiração vai embora. Não há mais aquela coisa que te completa e te faz sentir "acompanhado". E esse sentimento de solidão repentino acaba deixando uma marca. Não é uma marca que machuque como uma mágoa, uma perda de algo que você não pode mais ter. Dói menos, mas dói.
Eu esses dias me sentia inspirado. Hoje eu já não me sinto mais. Eu me sinto um pouco chateado de não estar conseguindo criar múscas, desenhos e ter pensamentos "retilíneos". Talvez seja só falta de algo que ocupe a minha cabeça. Ou talvez eu supervalorize algo tão esporádico. Mas não é aí que eu quero chegar. Eu só queria que você acompanhasse meu pensamento.
Se for pedir demais isso eu peço desculpas antecipadamente. Eu só queria que lendo você se inspirasse. Que eu não tivesse perdido a minha inspiração. Que au menos eu pudesse dar, nem que fosse ao menos um pedaço, para você.
Se eu conseguir... cuide bem dela e não se chateie quando der a hora dela ir embora. Outro dia ela volta.
domingo, 8 de novembro de 2009
Uma conversa que eu chamaria de... comum.
Duas pessoas andando despreocupadas olhando para qualquer coisa menos para frente acabam esbarrando uma na outra.
Opa, desculpa!
Diz a moça com uma voz preocupada e sem graça.
Não, tudo bem. A culpa foi minha.
Diz o rapaz com um sorriso de meia boca e sem graça.
Após falar isso os dois olham um para o outro e se reconhecem. Eles são conhecidos de longa data que não se viam fazia um tempo. Tinham sido namorados há muito tempo trás e perderam o contato por brigas.
Constrangido com o momento o rapaz diz a primeira coisa que vem à sua cabeça para acabar com o silêncio.
Bom, e aí? Você tá bem?
To sim. Tudo tomou um curso diferente do que eu achava que tomaria, mas nada ruim. E você? Tudo bem?
Tudo. Eu consegui aquele emprego que eu queria, comprei uma guitarra nova...
Novamente um silêncio vem por nos olhos dos dois estar contidas palavras que não eram essas, mas nenhum dos dois parecia ter coragem de dizer tais palavras.
Eis que o rapaz tenta puxar um assunto que levasse até onde os dois queriam chegar dizendo:
E como vai o seu namorado?
Namorado? Ah... já faz bastante tempo que a gente terminou. Não deu certo entre nós. Acontece. E você? Ainda solteiro e indo pra lapa se divertir?
Não. Não tenho mais ido. Solteiro ainda continuo, mas não tenho mais saído para boates. Perdeu a graça.
O rapaz vê que o assunto não chegou onde os dois queriam que chegasse e ao pensar no que ia dizer ele é interrompido quando a moça diz:
Eu achei que você fosse me ignorar se me visse na rua. Mesmo até se esbarrasse em mim como esbarrou.
Foi algo do momento. Diante da briga que tivemos eu não pude me controlar. Você sabe que eu não fiz por mal.
Diz o rapaz olhando para o chão falando baixo e sem graça.
Fico feliz que não tenha me ignorado.
O rapaz levanta o seu rosto, a olha nos olhos e diz:
Eu achei que você não fosse mais querer me ver. Nem falar comigo.
A moça sem parecer se abalar diz calmamente:
Eu não faria isso. Não teria como fazer tal coisa.
O rapaz escuta isso deturpadamente. Essas palavras lhe soaram como a frase "eu ainda sinto algo por você ou lembro de você.". Isso o fez por um breve momento ter esperanças.
Por que não?
Pergunta esperançoso.
Porque a gente passou por muita coisa juntos. E eu não poderia esquecer daquela época que passou.
O rapaz não mais sente esperança. Viu que tudo foi um equivoco dele.
Nesse meio tempo a moça olha para seu relógio e vê que agora estava mais atrasada. Ela sentindo-se sem graça do modo que estava não hesita e diz:
Eu tenho que ir. Estou atrasada para a minha pós-graduação. Outro dia nos falamos com mais calma.
Tudo bem. Eu só queria te dizer mais uma coisa.
Diz o rapaz pensando em milhões de coisas ao mesmo tempo para que pudesse dizer a coisa certa para que tivesse certeza que ela ainda o amava.
O que é?
Pergunta a moça com uma esperança que mal lhe cabia no peito.
O rapaz que parecia tão confiante olha para o chão e diz:
Gostei dos seus brincos. Ficam lindos em você.
Imediatamente o rapaz pensa: "que frase idiota." e faz um olhar de decepção.
A garota para um segundo sem reação e depois diz meio sem jeito:
Obrigada. Até mais.
Até.
O rapaz diz ainda olhando para o chão.
Ela se vira e começa a andar e o rapaz continua parado no mesmo lugar. Estático, olhando para uma poça d'água que havia entre a calçada e o asfalto vendo o seu reflexo.
A garota não dá muitos passos até que o rapaz se vire em direção ao caminho para onde estava seguindo, respire fundo e diga uma coisa antes de começar a andar...
"Sinto sua falta."
E ele começa a andar sem olhar para trás. Se segurando para não pensar muito no passado, pois não queria ser afetado pelo mesmo.
Na esquina da rua a moça o olha de canto de olho e diz baixinho:
"Eu também."
E os dois continuam seu caminho apostando no destino para que eles esbarrassem um no outro novamente.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Falar do tempo e esquecer daquele beijo?
Quanto tempo até podermos nos decidir?
Foi-me dito que que "muito" ou "nem tanto".
A decisão vem depois do pranto.
Uma lágrima bem chorada é algo promissor.
Ao menos foi algo que me foi contado.
Mas existem lágrimas com rancor...
Será ela uma de um amor mal amado?
E com dúvidas me deparo.
Respostas que eu procurava eu não as vejo.
Se tenho respostas não reparo.
E tudo volta ao início depois de provar teu beijo.
Então quanto tempo temos aqui?
Não sei a resposta, mas sei o que te dizer.
Não é algo importante de se saber.
O importante é o beijo que dei em ti.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O motivo de falar o que falo.
Não posso argumentar com isso. Coisas que digo e que faço não mostram uma pessoa muito diferente dessa. Um mero boca suja, verbalmente desleixado e meramente fútil. Até parece uma pessoa diferente dessa que escreve aqui, não é?
Eu não acabei de concordar com o que falaram sobre mim. Aquilo anteriormente escrito é meramente respeito ao ponto de vista da pessoa e como eu me senti ao ouvir essa crítica. Somente trato como um ponto de vista diferente do meu. Nem pior e nem melhor. Eu vou tentar explicar o motivo de eu ser tão repetitivo e ao vivo não ser um rapaz tão "exemplar".
Eu antigamente era mais sonhador e mais romântico. Realmente era. Hoje em dia só me vejo sendo assim quando me sinto inspirado, apaixonado ou amando, de fato. Antigamente era assim todos os dias. Via o mundo mais colorido e mais cheio de vida. Não consigo agora fechar meus olhos para as coisas ruins e podres. Uma pena. Não vou dizer que eu não trato mal ninguém, que eu não julgo e que eu pretendo mudar.
Se é algo que não faz bem aos outros eu peço desculpas, mas se é algo que faço, é tendo um bom motivo. Geralmente eu esnobo mulheres arrogantes que passam com uma roupa ridicula de chamativa ou justa e trata o olhar estremamente nojento e com ar de superior como só mais uma peça das suas roupas chamativas. Por que eu faço gracinhas e falo coisas ofensivas? Porque eu quero fazer questão de tentar mostrar para ela que ela é o pedaço de carne que quer ser.
Isso foi só um exemplo. Do quanto eu me importo com as mulheres. Um exemplo claro do motivo de falar tanto delas. É nítido em mim uma curiosidade sem fim por tudo delas. Eu as acho facinantes como pessoas e sempre tento entendê-las. Dizem que é impossível e que nem elas mesmas se entendem. Isso dá um gosto tão melhor para tentar chegar a uma resposta concreta, não acha?
E não é nem entendê-las, em si. É mais um modo de saber me aproximar. Quebrar as barreiras certas e poder realmente tocá-la. Conseguir falar as coisas certas nos momentos certos só para ver um sorriso. Você já conseguiu andar por esse caminho cheio de curvas e conseguiu um sorriso assim? Mesmo que um sorriso tímido, mas sincero? Eu já consegui. Não tem como descrever o quão doce foi aquele sorriso.
O fato de fazer o que faço com as mulheres que eu vejo e que se mostram arrogantes somente com a sua postura, e qualquer outra pessoa normal pode ver nitidamente essa arrogância, é por não conseguir me calar diante de uma beleza singular tão facinante soterrada em tanta maquiagem, em um rosto tão falso e em um olhar vazio, aquele que você sabe que enxerga, mas não vê nada além do que ela quer ver.
Sendo um bobo da corte que diz o que pensa na hora que a pessoa está presente não ligando para o que ela sentirá com as palavras "afiadas" que eu usarei é ruim. Matar uma beleza singular se escondendo atrás de arrogância, falsidade e mentira é algo que todos toleram, pois não querem ou simplesmente não enxergam essa beleza tão singular e tão pura. Engraçado olhar assim, não acha?
Um monstro que valoriza algo que julga tão bonito e só faz o que faz por não aguentar ver essa beleza destruída e uma bela que se cobre com uma capa de sentimentos destrutivos e usa máscaras encardidas de tanta futilidade. Só queria que todas soubessem o que justificou cada palavra que queria machucá-las com a queda de um pedestal tão ridiculo que foi onde elas subiram.
Eu não tenho direito de fazer o que eu faço. Nem elas de fazer o que fazem. Eu tento machucá-las. Elas matam a singularidade que eu acho tão perfeita. Você chama de maldade. Eu chamo de equilíbrio. Elas chamam de "um homem que nunca vai me ter".
No fim tudo volta para o começo depois de ser reciclado pelo tempo. E assim fica indo e voltando nesse ciclo ridículo de um ponto de vista inivisível ou, meramente, inviável.
E desculpe se eu passei a imagem de alguém que pode julgar outra pessoa. Não quero julgar. O(s) motivo(s) que eu tenho para fazer o que faço parecem poucos para você? Dizer que são duas mulheres diferentes, mas que a matriz é a mesma e que para você é uma coisa normal. Toda mulher tem características básicas físicas e sentimentais. Eu não vejo assim. Eu vejo muito mais diferenças que essas. E não venha me dizer com aquela cara sínica que é óbivio que existem. Eu falo de características que ninguém repara. Nem mesmo elas. Um olhar simpes, aquele que é diferente dos olhares que eu já vi. Aquele olhar doce e que te faz sentir aquele calor momentâneo simplesmente com a serenidade do olhar dela cruzar com o seu, conhece? Eu conheço.
Agora você vem me dizer que uma mulher que te olha com desprezo e frieza não mata um olhar desses e denigre uma visão tão bonita de um aspecto tão pouco visado?
É bem capaz que você não concorde com o meu ponto de vista. Eu não esperava que concordasse. Eu só queria mostrar que tenho um. E que ele é valiozo pra mim.
Ah... E quero deixar claro que isso é generalizado e que eu me engano mais do que acerto. Por que continuar fazendo? Uma questão de valores, apenas uma desculpa para tentar fazer algo certo por um caminho errado ou simplesmente eu gosto de fazer quem está perto rir. Você decide qual é o motivo. Eu sei qual é, não preciso te dizer.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Poema para mostrar paixão.
Mas sempre que posso tento,
Voltar a ter esse sentimento,
Levado embora como a areia com o vento.
Não sei como isso consegue me tocar
Nem mesmo entendo como pude te encontrar
Sentindo algo que chamaria de incerto
Me sentindo tão só, mesmo com alguém por perto
Algo que eu quero chamar de "nosso".
Gostaria de dizer, mas não sei se posso,
Não sei se preciso de permissão,
O máximo que consigo é estender a mão.
E agora eu estou te esperando.
Não precisa se pressar...
Estarei aqui, mesmo se estiver demorando.
Te espero até o fim se precisar.