Já não sei quantos dias se passaram desde a ultima vez que me dei conta de estar aqui. Faz algum tempo que não me vejo em outro lugar. Meu rosto já esqueceu como é o calor de raios de sol e minha pele se esqueceu de como é refrescante algumas gotas de chuva. Não me lembro do cheiro do mar. Esqueci qual o som de uma brisa.
Encontro-me aqui. Entre quatro paredes. Sem pretensão de ter um futuro, estagnado diante de um sentimento de solidão. Cá estou, agarrado a um lugar que me matem preso a lembranças, pois faz todo e qualquer futuro escapar por entre os meus dedos como faria com qualquer um.
Não pareço reconhecer nada além do frio e do limo contidos nas pedras que estão me rodeando. Da madeira putrefata e repleta de cupins, tal como da porta de onde me encontro. A cama onde me deito não é para ser confortável. A comida não é para ter gosto. Nada disso deve tirar o foco do meu pensamento. Da escolha que eu fiz.
E você deve me achar louco, pois a chave da porta está dentro de uma caixa embaixo da minha cama. Eu sou livre. Estou aqui por pura e total vontade. Não cometi nenhum crime, não fiz nada além de me apaixonar. Por tal motivo me mantive aqui isolado. Prometi que ia esperar por ela. Ela não me pediu para esperar, mas eu não consegui me conter.
Não quero ter afazeres que me mantenham ocupado a ponto de esquecer algo. Talvez me esqueça por um breve momento de sua voz ou do cheiro de seu cabelo. Isso acabaria comigo, pois agora é tudo o que eu tenho. Não me importo de estar como estou. Cego como me encontro e amedrontado por ver com tanta nitidez a solidão.
Então me agarro nas lembranças que possuo. Que não são muita coisa. Momentos que eu dividi com ela e que não posso esquecer. Foi tão breve que um eterno apaixonado chamaria de "nada". Porém, esse nada... É o que eu tenho. E até ela voltar. É tudo que terei.
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