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terça-feira, 20 de julho de 2010

Um sentimento para um remédio.

Doutor, eu acordei com um problema sério. Por isso estou aqui.

Certo. Me conte sobre o problema e vamos resolvê-lo.

Eu acordei e levantei sem poder me mover bem.

Você sofreu algum trauma físico enquanto dormia?

Na verdade não. Acho que foi antes de dormir.

E o que aconteceu antes do senhor ir deitar-se?

Eu disse adeus. Queria ter dito até logo, mas tive que dizer adeus.

Entendo. O senhor acabou sofrendo um trauma em que fez uma ligação entre esse adeus e os movimentos do seu corpo.

Pode ser, mas acho difícil. Eu só não consigo me mover quando eu choro.

Estranho e interessante. O seu trauma causa choro e o choro causa uma paralisia momentânea. A razão do trauma pode nos dizer o problema.

Bom, eu disse adeus para uma pessoa que fazia a minha vida ter aparência de vida.

Você foi obrigado?

Fui.

Quem ou o que te obrigou a tomar esse rumo?

O destino. Não havia mais como ficarmos juntos. Tudo estava contra nós. E eu não podia me ver deixando de sentir o que sentia por ela a cada dia. Preferi guardar o que restou intacto. Tive que ser egoísta. Mas eu pensei também em não fazê-la sentir-se mal por não poder sentir de volta o que eu dizia sentir.

E agora você se arrepende e não se move.
Pois bem. O que eu acho é que você fez uma coisa que não queria, mas julgava necessária pelo simples ato de auto-preservação e preservar um sentimento que você julga importante para os dois.Você não está errado em fazer isso, mas do mesmo jeito você acabou sofrendo com isso de um modo peculiar. O que eu te recomendo é que não se sinta mal com essa situação e tente apenas não chorar. Se ocupe. Viva.

Muito obrigado, doutor. O senhor abriu meus olhos. Farei isso.


O homem passa todos os dias seguintes na frente da sua janela estático. Lágrimas no rosto e um sentimento pesado em seu peito. Ele queria melhorar, mas ele a queria de volta mais ainda. Isso é o que importava.
Patético? Não... Um sentimento puro, intocado, único. Algo pelo que valia a pena lutar.

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