Dia frio. Nublado. Já é de noite.
Um rapaz senta-se em uma praça e fica horas estático com o olhar compenetrado e pensativo fitando o chão com rachaduras. O rapaz está a pensar em uma conversa que teve com uma pessoa que admira e respeita. Uma pessoa que o conhece e pode dizer só com um olhar o que se passa com o rapaz.
E ele ficou lá por horas. Nenhum movimento aparente, nenhuma expressão facial. A conversa o fez refletir como nunca havia feito. Um simples detalhe na sua vida que o fez ficar assim. E ele se mantém dividido entre o rumo tomado com a conversa em uma dualidade sem fim.
A conversa não foi longa. Não foi profunda. Não pareceu uma conversa.
A pessoa perguntou como o rapaz estava. O rapaz responde que está chateado por não conseguir ver uma pessoa muito querida que via com frequencia puramente por contratempos trazidos pelo destino. A pessoa pergunta o que houve com o rapaz que sempre acabava triste e melancólico quando isso acontecia. O rapaz diz apenas: "Ele cresceu.".
Será que é isso que você se torna ao envelhecer? Você vai se tornando mais frio, calculista e racional? Vinicius de Moraes nunca pareceu ser tal coisa. Mas será que no caso dele os tantos amores com os quais se deparou não eram trazidos por uma sorte maior que a do rapaz? Talvez seja isso que tenha feito dele um eterno apaixonado.
O rapaz sentado na praça tenta ver as rachaduras do chão ficarem maiores. Ele tenta acompanhar o tempo naquele breve momento. Ele não consegue. Isso o faz seguir em frente e sentir que ainda pode mudar.
E eu espero que ele consiga.
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