quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Asas, auréola e uma conversa.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Uma amizade com raízes.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Justiça psicopata.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Um casal por acaso - Parte 1
domingo, 5 de junho de 2011
Questão de vetores?
domingo, 29 de maio de 2011
O que você faz sem saber quando triste?
terça-feira, 10 de maio de 2011
Mais um filme, mais um texto.
Eu me peguei hoje pensando em um filme que eu via tem alguns dias. Foi um filme que eu vi quando passou no cinema, mas nunca tinha parado pra ver de verdade. No cinema eu estava acompanhado de amigos e não consegui me fixar ao filme devido a comentários e brincadeiras baseadas na imaturidade da época.
Não é costume meu assistir filmes de drama e muito menos um filme onde o ator principal é conhecido por fazer filmes de comédia. Porém, esse dia eu me arrisquei e novamente me arrisquei há alguns dias atrás.
O filme conta a história de um homem que causa um acidente e se sente culpado por matar sete pessoas. E o filme retrata a história dele buscando boas pessoas para receber os órgãos dele e as propriedades no momento em que ele morrer. É um filme pesado e que em vários momentos o diretor tenta fazer o espectador se emocionar.
O que me fez pensar é o fato do principal achar que o meio de se redimir é se matar e doar tudo o que tem para quem merece e quem possibilita essa doação é seu melhor amigo. O amigo em momento nenhum parece concordar com essa idéia, mas ele havia prometido e ia cumprir apesar de qualquer coisa.
Será que se eu acabasse na situação do personagem principal eu ia fazer isso que ele fez? Ao me perguntar isso eu não soube responder. Não sei se eu carregando tamanha culpa conseguiria me imaginar vivendo de qualquer maneira mesmo que tendo partes de mim sendo "carregada" por outra pessoa. Eu não sei se nem isso eu ia conseguir achar que eu mereço.
E tem o melhor amigo que cumpre a promessa de dar esses "presentes" pra cada uma das pessoas selecionadas. Não creio que eu tenha um amigo que consiga cumprir tal promessa porque nenhum amigo meu ia conseguir fazer parte de um plano suicida. E se conseguisse, creio que ele ia chorar por muitas noites até conseguir lidar com isso. Por fim seria injusto pedir tal coisa a qualquer amigo.
Por fim eu penso... Será que é preciso uma morte motivar uma pessoa a valorizar a vida? É tão necessária que haja uma força contrária na vida de alguém para que surja uma visão de valor? Eu não sei responder nenhuma dessas perguntas. E isso me dá medo.
domingo, 1 de maio de 2011
Contradição que perdemos com a idade.
sábado, 2 de abril de 2011
Dia de princípios e chuva.
Hoje era um dia chuvoso e eu estava sentado nos degraus de uma loja ao lado de um bar. Eu tomava minha bebida e de baixo de uma marquise esperava passar a chuva para seguir meu caminho. Eram quase duas da manhã e havia poucas pessoas no bar. Talvez duas ou três. Não entendi bem o motivo do funcionamento tão prolongado do bar, mas nem tive tempo de questionar isso na minha cabeça.
Eu vejo um homem andando do outro lado da rua até que ele para de frente para a faixa de pedestres e olha para o poste onde está o semáforo do outro lado da rua. Ele fixa seu olhar no painel em que mostra quando o pedestre pode ou não atravessar. Não há carros trafegando, a chuva o está molhando, mas mesmo assim ele fica parado e só se move quando o semáforo lhe dá o sinal de "siga".
Não se passa muito tempo e eu procuro dentro do meu bolso meu maço de cigarros e só encontro meu isqueiro. Vou até o bar e compro dois cigarros. Voltando para onde estava sentado um rapaz me pede para acender seu cigarro, eu lhe faço o favor e ele se dirige para o ponto de ônibus próximo de onde me sentava. Fico olhando para o rapaz se dirigindo para o ponto de ônibus para se proteger da chuva e ele dá uma tragada, olha um adesivo colado no vidro e joga fora seu cigarro. Ele tinha visto um aviso de que era proibido fumar. Obviamente foi um adesivo colado por algum motivo trivial, mas o rapaz não o leva menos a sério por conta disso. Curioso.
Eu dou uma risada sutil e esbanjo um sorriso de leve, apago meu cigarro que está quase terminando, boto a garrafa de volta ao balcão e sigo meu caminho. Penso no motivo deles seguirem as regras com tanta rigidez. Me pergunto por qual motivo eu não sou assim. Não acho nenhuma resposta. Acendo meu segundo cigarro e torço para não ter um sinal de proibido fumar quando olhar para o painel de pedestres quando for atravessar a rua. Eu não saberia viver como um deles, menos ainda como os dois.
sábado, 26 de março de 2011
O diário de uma menina qualquer.
Hoje acordei assustada e aflita. Novamente tive o mesmo sonho que venho tendo durante as noites em que eu consigo dormir. Parece que mesmo dormindo o tempo se passa e é desgastante como se eu estivesse acordada. Por conta disso eu não consigo me sentir completamente saudável. Eu vejo meus dias passando cada vez mais devagar e me vejo encarando meu reflexo diante do espelho tentando saber de onde vem essa maquiagem borrada.
O sonho sempre tem o mesmo começo. Sou eu de vestido branco subindo a encosta de o que parece ser uma montanha. É tudo cinza, o céu é nublado, o chão com pequenas pedras pretas que parecem sedimentos das grandes rochas negras que vão formando a montanha. Eu começo a subir a montanha e tudo parece bem, eu sinto que tenho um propósito. Só perco essa segurança quando vejo meu vestido começando a ficar sujo por tocar o chão. Eu paro por um segundo, abaixo, pego o vestido e vejo que não há como limpar.
Após levantar minha cabeça e olhar para frente, o sonho geralmente muda. Certa vez sonhei que só ficava encarando uma nuvem que não acompanhava as outras com o vento e ia afundando nas pequenas pedras que estavam sob meus pés. Não me dava conta de afundar. Somente quando a escuridão cobria meus olhos eu sabia onde estava e acordava assustada.
Outra vez eu acabara de olhar o vestido e antes de levantar meu rosto para ver a direção para onde seguiria começava a andar olhando os meus pés e via que as pedras no chão começavam a não serem foscas. Parava de frente para uma enorme rocha, usava a manga do vestido para limpar e polir a superfície da rocha e ficava vendo meu reflexo. Era um reflexo que expressava o que eu não sentia. Eu via lágrimas molhando meu vestido e o reflexo me mostrava sorrindo. Quando limpei meu rosto e sorri, o meu reflexo chorou. De repente meu reflexo começou a afundar no chão e eu me vi flutuando. Só que o céu não estava mais nublado. O céu havia se tornado o chão e eu estava caindo. Acordo me vendo de bruços no chão encarando uma boneca que está debaixo da minha cama.
O ultimo sonho que tive foi um em que eu acabara de pegar o vestido, levantava e olhava para frente. Quando ia dar o primeiro passo, meu vestido ficava preso em uma pedra e eu apenas movia a pedra e continuava seguindo. Eu via as nuvens passando e o céu nublado deixando mais evidente a noite e o dia passando. O tempo pareceu durar semanas me baseando pelo céu, mas parece que eu dei apenas cerca de vinte passos. Chego na beirada de um penhasco e chuto algumas pedras lá para baixo. Quando fecho meus olhos e decido abri-los novamente para pular ou voltar, meu despertador toca e eu acordo suada e ofegante. Só que dessa vez era diferente. Não senti medo.
Assim tem sido as noites que durmo. As que fico acordada eu sempre acabo me ocupando com um bom livro, música, televisão ou alguma comida que me faça esquecer o sono. Não entendo o que me impede de ter uma noite plena e feliz. Não sei o motivo de sonhar todas as noites e sempre lembrar, acho que isso não é muito normal.
Depois de hoje ter sonhado com aquele penhasco e não sentir medo, mal vejo a hora de poder sair do trabalho, chegar em casa e deitar na minha cama. Não sinto mais a maquiagem nos meus olhos escorrer pelo meu rosto por conta de lágrimas. Não há mais receio de haver algum problema. Quero só saber se aquele é o fim desse capítulo da minha vida. Sei que não é o fim da minha história.
quinta-feira, 17 de março de 2011
É sobre sentimentos, mas não amor.
Gostaria de em um momento viver em um mundo utópico. Fico curioso sobre tal maneira de se ver a vida. Seria um alinhamento perfeito de tudo e qualquer coisa e uma existência que beiraria toda a visão celestial que temos baseada em fé. O máximo que o homem conseguiu chegar de tal feito foi o socialismo. Não pareceu grande coisa porque eram todas as pessoas sujeitas a vidas medíocres.
Eu vivo em um mundo capitalista. Utopia aqui nem parece ser um rascunho mal feito de uma idéia tida em um sonho embaralhado e praticamente esquecida. Essa sociedade que me rodeia me faz ser de um jeito peculiar. Individualista, narcisista, materialista e muitas outras coisas, mas vamos nos manter só nesses três.
Vamos começar pelo primeiro. Eu não consigo me ver ajudando uma pessoa a sair de um buraco, pois ela não está na zona de alcance do meu braço. Digamos que o alcance é um metro. Isso se dá por uma limitação física. No caso, meu braço não é longo o suficiente e meu alcance é limitado. Porém, eu não consigo me ver tocando em outra pessoa que está a 30 centímetros de mim. Porque por algum momento eu posso cair no buraco que ela está por, talvez, ela ser mais pesada que eu e acabar me puxando.
É uma situação bem desconfortável você poder fazer algo pelo outro, mas simplesmente não fazer por algum valor seu. E eu não estou me fixado ao exemplo trivial que eu usei. É um exemplo bobo que talvez faça você ver como cada um de nós é em algum momento das nossas vidas. Alguns com mais intensidade e frequência, outros menos, logicamente. Mas a questão é que em algum momento somos assim e isso afeta os outros. As vezes de maneiras terríveis por muito pouco e nem notamos.
O segundo ponto é muito variável. Existente em qualquer um, mas muitas vezes não chega a ser tal palavra. Narcisismo é uma palavra forte. Vaidade é uma coisa corriqueira que é uma linha paralela, mas não chega a ser tão gritante. Não é algo que acaba afetando as pessoas ao seu redor se elas não se deixarem afetar. É uma atenção absurda que você dá para a sua aparência e acaba fazendo você ser um ser individualista a ponto de não se importar com a opinião e conselhos dos outros. Novamente, algo destrutivo que afasta as pessoas que gostam de nós.
Esse segundo ponto é tão bobo quanto o terceiro. O terceiro é um vício baseado em ignorância e ostentação. É algo irracional e impulsivo. Coisa que a sociedade em que vivemos nos impõe e nós aceitamos muitas vezes sem nem notar. Quantas vezes você saiu de casa e comprou algo que não precisava? Muitas. Todo mundo faz isso. Às vezes com algum motivo estúpido (estou triste, vou comprar uma roupa) ou por um motivo que a pessoa julga sério (tenho que comprar um equipamento de som com 10 caixas com 2 falantes porque sou cinéfilo).
Os três itens são impostos a nós. Não nos damos conta muitas vezes de quando estamos sendo levados por algum deles e o quanto eles nos prejudicam. Talvez eu seja cada um deles, talvez nenhum. Mas eu acredito em uma coisa. Se você nunca foi ou é alguma dessas coisas, ache alguém como você, case com essa pessoa e vire individualista. Porque amorosamente, você vai estar em uma utopia.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Os dois lados de uma moeda.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Verdades aleatórias
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Começo, meio e fim.
Parece tão boa a idéia de poder lembra de tudo com exatidão quando a gente vê um momento feliz atrelado a um momento triste. De repente parece que você lembrar faria toda a diferença e você saberia qual rumo tomar. Fixado em uma maneira de deixar a felicidade se sobrepor, você acaba sempre com um gosto amargo na boca, porque você desconfia que tem algo diferente.
Eu acabo me vendo pensando em um filme de romance que eu vi por acaso. Filme muito derrotista, por mais que toda a história girasse em torno de algo corriqueiro e atual. Odeio filmes assim, mas eu vi por indicação e talvez isso tenha feito ele ser menos repulsivo. O caso é que eu me deparo com a situação do personagem principal que só no final do filme ele lembra de tudo com exatidão e percebe que a felicidade era "forjada" e que nunca teve nada além de tristeza. Ele só conseguiu ser feliz porque ele quis ver dessa maneira, mas depois se deu conta desse equivoco. Que inveja desse personagem fictício.
Gostaria de ter um momento em que um flash passasse pela minha mente e me mostrasse um erro que eu cometi, como parece ser no filme. Algo gritante que fizesse eu me dar conta de como eu ludibriei a minha tristeza para que a felicidade ganhasse por pouco, porque a felicidade era o mocinho da história e a tristeza, o vilão. Eu devia ter escolhido "verdade" e "mentira" em vez de "felicidade" e "tristeza" para atuar nesse filme que eu chamo de vida. Eu paguei caro por esse erro.
E no fim tudo se resumiu a algo muito simples. Eu gostaria de achar um motivo bom o suficiente para me satisfazer e ver que a realidade é como tem que ser. Não uma resposta que dissesse algo diferente. Eu gostaria de realmente enxergar fatos e não só respostas que parecem tão vazias diante de atos e reações. E acaba que não parece ser possível. Algo me impede. Complicado...
Talvez seja preciso ter uma memória fotográfica, de fato. Talvez eu só precise me esforçar e lembrar do que aconteceu e não do que eu acho que aconteceu. Talvez nenhum dos dois. Eu só gostaria de saber, mas já se passou muito tempo. Na realidade não importa e eu só me dei conta há alguns momentos atrás. Hoje em dia isso não tira mais meu sono. Eu creio que isso é mais importante. Acredito que assim seja bom o suficiente.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Visão, audição e tato.
Faz tempo que eu não tenho vontade de escrever algo. Esse estado em que eu me encontro não faz deixar aflorar uma inspiração concreta em mim e eu acabo somente vendo os dias passarem. Mas hoje eu fiz algo diferente. Na verdade é algo que eu faço todos os dias, mas que por acaso me fez refletir.
Eu hoje toquei meu violão. Coisa que faço todos os dias em que paro em casa e toco ao menos por meia hora no decorrer do dia. Isso nunca foi algo que me fizesse refletir. Meu violão é um companheiro de lembranças e sonhos. Já fui a muitos lugares com ele e já lembrei de muitas coisas.
O fato é que hoje eu estava tocando o meu violão, acabou a luz e eu por um instante deixei de tocar e assimilei o ocorrido. Não foi nada de mais, foi meramente uma queda de energia. Durou poucos segundos. Foi o tempo de eu levantar calmamente da minha cadeira segurando meu violão e olhar para a lâmpada. De repente a luz voltou.
Voltei a me sentar e continuei a música que estava tocando e por algum motivo ela não estava soando bem como antes da queda de energia. Eis que eu coloquei meu violão de lado e pensei nisso por um instante deitado na minha cama encarando o teto. Levantei-me, apaguei a luz e voltei a tocar e funcionou. A melodia parecia novamente ser agradável. Após tocar por alguns minutos novamente deixei meu violão descansar e fui fazer outras coisas.
Depois de fazer algumas coisas e parar de novo no meu quarto, eu peguei novamente meu violão para tocar. Acendi a luminária e comecei a dedilhar(coisa que não faço muito) e não prestei muita atenção no som. Somente nos movimentos dos meus dedos. Não era nada complexo e nem soava como uma música que revolucionaria o mundo, mas eu me peguei fixado no movimentar dos dedos. Uma mão acompanhando a outra de formas diferentes.
Depois disso fiquei pensando até agora. A vida tem muito desse tipo de coisa. Você quando tem algum laço com alguém segue em uma mesma direção, mas de formas diferentes. E como em uma música improvisada, você não sabe qual o fim e nem se será harmônico, tampouco se o compasso continuará igual. Se torna tudo uma questão de feeling. Torna-se uma questão de desligar a luz, ouvir o som e sentir o movimento dos dedos. E se der sorte não errar nenhuma nota.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Melhores amigos.
É um fim de tarde e Milton está em seu computador acabando um relatório quando entra em seu quarto o seu irmão mais novo e deita-se na cama e fica encarando a porta. Milton vira-se para ele, vê que seu irmão parece muito irritado e pergunta:
- Algum problema, amigão?
O irmão sem desviar o olhar da porta apenas responde:
- Só quero ficar aqui um pouco no ar condicionado. Me deixa em paz.
Milton sorri e voltasse para o seu relatório. Passam algumas cerca de duas horas e Milton acaba seu relatório e vê que Douglas, seu irmão mais novo, estava dormindo. Ele sai do quarto e vai comer alguma coisa.
Quando volta para o quarto, o irmão está vendo televisão e Milton puxa papo perguntando:
- Já está mais calmo para me dizer o que aconteceu?
Douglas com uma feição mais serena responde:
- Ah! Briguei com a Milena de novo, cara.
Milton sorri e pergunta:
- E precisava ficar tão irritado assim?
Com um olhar de desabafo Douglas diz:
- Cara, a gente meio que terminou e eu nem sei bem o que eu vi nela para começar a namorar. Por isso fiquei irritado.
Milton fica com uma expressão de pensativo e diz:
- Você está me dizendo que não sabe o que viu na sua ex ou atual namorada. Você ao menos sabe o que procurar em uma namorada.
Douglas levanta um pouco seu tom de voz por conta da frustração e diz:
- Pelo visto não! Que raiva!
Milton se mantém sereno e tentando mostrar que ainda há esperanças para o irmão tão novo. Ele diz:
- Meu amigo, nem sempre a vida são flores. Mas o jardim está aí. É só saber procurar.
- Procurar o que? Essa é a questão.
- Você quer uma namorada, certo?
- Certo.
- Uma pessoa que te faça feliz, correto?
- Correto.
- Você está apaixonado pela Milena?
Douglas se vê desprevenido e não sabe como responder tal pergunta, eis que ele diz:
- E como saber isso?
Milton suspira, recosta em sua cadeira e fala:
- Bom, a gente sabe.
Douglas deitasse olhando para o teto e começa a pensar se era o caso dele. Se ele realmente não sabia o que procurar em uma mulher e se de fato ele estava ou não apaixonado. Antes da conclusão, Milton fala:
- Sabe como você devia ver a sua namorada? Como alguém que você achava que nunca teria, mas que ao mesmo tempo consegue se ver tendo.
Douglas não entende e pergunta:
- Como assim?
- Imagina aquela mulher que você julgou nunca ser o seu tipo, nunca estar englobada no padrão de mulheres com quem você se envolve. Essas são as melhores. É como andar vendado.
Douglas fica mais e mais confuso. Ele pensa em perguntar algo para que isso que o irmão mais velho acabara de dizer faça sentido, mas nada lhe vem à cabeça. Então Milton continua.
- Vou tentar explicar. O bom da vida é não saber qual o caminho seguir. É aí que você se sente vivendo. Não coberto de duvidas e inseguranças, nada disso. Só viver sem saber as respostas para todas as perguntas.
Douglas parece entender basicamente a idéia que seu irmão quis lançar e então fala:
- Então o melhor tipo de namorada é o tipo que faz você não ter todas as respostas? E ficar só com as perguntas?
Milton gargalha com a pergunta inocente do irmão mais novo e responde:
- Não. Você alcança as respostas junto com ela. Com o tempo. Essa que é a beleza da coisa, entendeu?
Douglas sorri e diz:
- Entendi! Agora faz sentido. Seguir junto dela. Mas espera... é isso que eu tenho que procurar numa mulher?
Milton sorri um pouco sem graça e diz:
- Na verdade isso é durante o namoro. O antes é diferente. Eu fugi do assunto, desculpe.
Douglas volta a se jogar na cama. Cruza os braços e volta a encarar o teto com uma expressão de desapontamento. Eis que Milton diz:
- O que você tem que procurar é uma beleza que só você veja. Uma que você só consiga descrever com o tempo ou talvez nunca consiga. Que não seja uma qualidade física ou da personalidade. Algo que seja único.
E Douglas pergunta com um tom de ironia:
- Como se eu visse uma aura em volta dela?
Milton balança sua cabeça e diz:
- Se esse for o “algo único” que eu falei... Sim.
Douglas parece finalmente ter entendido. Ele por um breve momento se mantém preso aos seus pensamentos e gradativamente começa a esboçar um largo sorriso. Levanta-se da cama lentamente e diz:
- A Milena tem esse “algo único” que você falou.
Milton contente levanta-se da cadeira, dá um tapinha no ombro do irmão e diz:
- Isso é no mínimo paixão, meu amigo. Ela tem sorte.
Dito isso Douglas levanta-se da cama e vai direto para o telefone fazer as pazes com a sua namorada e Milton contente pega as chaves do seu carro e sai de casa sentindo que talvez tenha feito alguém feliz naquela noite.