terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Coisas que aprendi.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Esse sou eu falando...
Ah, águas passadas... Ultimamente o passado começou a querer parecer mais presente. Eu sei que é algo passageiro e que talvez já tenha terminado e eu nem me dei conta, só que eu gostei de dessa vez ter percebido. Para tantos que dizem que eu vivo no passado, agora eu vejo que é um passado muito mais presente do que aparenta.
Talvez essa seja a resposta. Talvez a felicidade já tenha encontrado comigo, mas não era o momento certo e ela teve que me deixar até poder e querer voltar. Não seria ótimo um dia encontrar com ela na rua e conversar como se nada mais importasse e no fim ela me dissesse que sentiu a minha falta e eu não conseguisse deixar de dizer que isso foi mutuo? Seria sim.
A procura que tanto me consome e me cansa pode ser reduzida a só um sentimento de perda, talvez. Será que é isso que me falta? Meio que produzir essa saudade... Acho difícil. Felicidade nenhuma consegue se manter saudável presa a um sentimento tão temporal. E mesmo que pudesse, eu não gostaria de me ver com uma felicidade que está usando uma máscara. Seria muito revoltante não ser o motivo do sentimento e sim o escape.
Certas vezes também o passado me atinge de uma forma que me deixa sem ação. De uma forma que eu não consigo deixá-lo preso ao presente. Parecem feridas abertas em certos momentos e palavras não ditas querendo sair da minha boca. Não é algo que eu consiga controlar muito bem. Por mais que eu não diga ou faça algo que seja critico e que o passado se afaste mais de mim, eu também não pareço sair dessa posição defensiva e apreensiva e eu não entendo bem isso. Não é que eu não queira, mas eu que não vejo sendo uma boa hora. Não sei direito.
Uma coisa que não me agrada são as ironias. Quando não importa mais o que ficou no passado, mesmo sendo aquela coisa que no presente eu gostaria que fosse diferente. Então eu deixo cair no esquecimento, passa-se um tempo enorme e por fim se torna o que eu disse que gostaria que fosse. Detesto essa ironia, porque depois do momento ter passado e de nada mais se fazer necessário que acontece. É muito revoltante o mundo girar quando não há mais importância.
Também não gosto quando o mundo gira e volta para a estaca zero. Já me falaram algumas coisas que mudaram e eu sorri com isso. Umas eram boas e ruins, dependia do ponto de vista, mas todas me fizeram sorrir independentemente do que orocorrera. Depois que eu soube disso e finalmente pude deixar o tempo levar essas lembranças pra longe, vem alguém e me conta fatos que fazem tudo não ter parecido sair do zero. É muito frustrante.
Mas no fim eu vejo que tudo é questão de perspectiva. O tempo, os acontecimentos e a felicidade. A minha felicidade é diferente da sua, das pessoas que você conhece. A minha é única, como a sua é única para você. Isso nos faz sentir como é a singularidade posta em prática. Eu detesto isso, mas essa é só a minha perspectiva.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Uma amizade por uma feliciadade.
E a história chega a um fim onde nenhum dos lados sabe que caminho seguir. A convivência não era mais a mesma e os valores acabaram mudando com o tempo. O que eles tinham um entre o outro agora se tornara algo muito pessoal e individual. Não havia mais um momento de felicidade mutua, agora um deles havia mudado.
- Por que estamos parando aqui no meio do nada, moça?
Charles pergunta com esperança nos olhos.
- Quero te mostrar uma coisa, amigo. Desça do carro.
Diz Lucia sem tirar os olhos da dianteira do carro parecendo abalado.
- Tudo bem, moça.
Diz Charles parecendo conformado e ainda confuso enquanto abre a porta e olha para Lucia. Lucia olha de volta e diz:
- Você sabe que eu vou ter que ir embora, meu amigo. Sabe que não há outro jeito.
Diz isso com uma voz de cansaço e com olhos cheios de lágrimas. Em seguida Charles se desespera por um segundo, pensa em abrir a porta do carro e segurando a maçaneta ele só olha para Lucia e pergunta:
- Foi por causa do porta retrato do chefe, moça?
Lucia sorri enquanto uma lágrima escorre pelo seu rosto e diz:
- Não, meu amigo. É que eu não consigo ser feliz com ele com você estando por perto. Desculpe-me, mas chegou meu momento de ser feliz com ele. O nosso momento, meu e seu, já passou. Eu sinto muito.
Lucia diz isso enquanto liga o carro e olha pela ultima vez para o seu amigo que sai de perto do carro senta-se ao lado do meio fio e se conforma. Ela vai embora sem se despedir, sem pela ultima vez passar a mão na cabeça dele como sempre fazia. Pareciam dois estranhos que casualmente esbarraram um no outro na rua, pediram desculpas e continuaram a seguir seus caminhos.
Pouco depois começa a chover e Charles continua ali no mesmo lugar sem saber o que fazer. Agora ele não tinha mais um lar. Era um cão sem dono e não sem importava com a chuva, pois a mesma camuflava suas lágrimas. Não foi justo o que acontecera. Não foi algo tão incomum também.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Sem narrador.
- Só um minutinho. É rápido.
- Tudo bem, eu espero.
...
- Pronto. Diga.
- Eu preciso falar com você. Quando é seu intervalo?
- Pode ser agora. Deixa eu pegar minha bolsa.
...
- O que você queria falar comigo?
- Eu queria te perguntar o que você acha que temos.
- Como assim?
- Qual a classificação da nossa relação afetiva.
- Amizade.
- Você está enganada.
- Você veio até meu trabalho e pediu para eu te acompanhar até esse restaurante e almoçar com você para me dizer que não somos mais amigos?
- Não. Eu vim abrir seus olhos e dizer que nunca fomos.
- Você é um idiota.
...
- Alô, você está acordado?
- Oi. Sim, estou. Aconteceu alguma coisa?
- Não, só queria me desculpar pelo jeito que saí andando hoje a tarde coberta de raiva. Queria também te perguntar o motivo de você ter me falado aquilo.
- Desculpe se não conseguir ser sutil, mas parecia que eu estava te enganando. Certas vezes você parecia esperançosa.
- Mas passamos por bons momentos juntos. Rimos bastante.
- É verdade, porém eu nunca pude ser seu amigo e eu sinto muito por isso.
- Por que não?
- Porque eu nunca poderia te contar meus segredos. Isso te magoaria e eu ficaria triste com isso.
- Então acabou...
- É... Desculpe.
- Então a gente se vê.
- É. A gente se esbarra.
- Boa noite.
- Boa noite.
...
sábado, 4 de dezembro de 2010
Desejo por queda livre.
O rapaz abre os olhos e pensamentos assolam sua cabeça confusa.
- O que e isso? Nossa, que dor! Aonde eu estou? Que manchas vermelhas são essas?
Pergunta para uma pessoa que não vai fazia um bom tempo e que sempre se apresentou dizendo ser sua consciência e novamente volta-se para ele e tenta responder cada uma de suas perguntas dizendo:
- Vamos do princípio. Você está vendo o céu, está na sarjeta, são gotas de sangue escorrendo pelos seus olhos.
O rapaz fica relutando contra a dor e agora contra o desespero. Ele não entende como chegou ali e porque está assim, eis que pergunta:
- Porque eu estou assim? Quem fez isso?
Sua consciência suspira por estar farta de ouvir tais perguntas, mas responde as perguntas do rapaz.
- Você está assim porque quer estar. Quem fez isso foi a incerteza que parece agora ser a sua melhor amiga. Vocês vivem juntos. Olhe para o lado e você a verá.
Com muito custo o rapaz vira seu rosto para o lado e olha uma mulher desesperada sem saber o que fazer. Ela não diz nada, não olha para ele. Somente parece procurar uma resposta para uma pergunta e faz isso desesperadamente como se nada mais importasse. Ele percebe que não há preocupação por ele. Só pela resposta.
O rapaz volta-se novamente para o céu e para sua consciência que olha fixamente para ele esperando uma pergunta. O rapaz diz:
- Foi ela que me deixou assim?
- Foi.
- Eu permiti.
- Sim.
- O que eu faço?
- Siga meu conselho.
- Qual seu conselho?
- Não pule outra vez.
Ele de repente se lembra e o tempo parece não estar mais congelado, pois o seu amigo aparece correndo, tenta levantá-lo e reanimá-lo. Olhando fixamente para o céu e sem prestar atenção na voz se esvaindo, ele só sussurra uma coisa.
- Eu prometo escutar dessa vez.
O seu amigo não escuta, pois o momento não o deixou se fixar nas palavras baixas e nos lábios imóveis do amigo. Dias depois ele acorda e se vê coberto pro uma colcha branca e sua mãe dormindo ao lado da cama. Do outro lado ele vê flores, cartões e balões com várias mensagens de melhoras.
O tempo para de repente e ele vê uma pessoa de preto entrar no quarto e sentar do lado dele. Logo em seguida a incerteza entra e senta ao lado da pessoa. Dessa vez calma e olhando para ele com um olhar frio e vazio. A pessoa de preto pega sua mão por um momento, larga e vai em direção a janela e a abre. Logo em seguida ele sai do quarto e a incerteza fixa seu olhar na janela. O rapaz levanta-se e debruça-se na janela. Sua mãe acorda, mas se mantém imóvel para não assustá-lo e ele cair e espera.
O rapaz vê a sua consciência ao lado dele debruçada com ele na janela e sorri. Ele sorri de volta e pergunta:
- Você me ouviu?
Ainda sorrindo a consciência apenas sai da janela e vai embora do quarto. O rapaz fecha a janela e escuta ecoar no corredor o choro da incerteza. Dessa vez ele ouviu.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
"Branco, cinza, preto.preto, cinza, Branco"
Vejo-me sentado em um quarto diante de uma paisagem perfeita. Nuvens, árvores, campos sem fim que beiram um por do sol sem igual. Assim mesmo, não parece ser perfeito o suficiente. Me falta alguma coisa. Como se eu visse essa imagem em uma foto em preto e branco. Buscando apenas as cores certas para deixar essa foto cada vez melhor e essas cores acabam se esvaindo. Nenhuma delas parece ser enxergada por mim.
Os sabores e as lembranças começam a me afetar de uma forma diferente. Sinto falta de certas coisas cada vez mais. Lembranças recentes e mais antigas trazendo cada vez mais saudade, desejos trazidos pela gula se mostram mais constantes. Parece que tudo gira em volta de uma insatisfação inesperada e de uma saudade incessante. Não faz sentido.
Talvez seja uma fase, talvez seja um medo. O fato é que eu não sei o que é. Acho que eu deveria apenas acender as luzes, pois a penumbra está acabando comigo. A solidão se fixa ao meu lado por eu não conseguir ver tudo como eu gostaria. As silhuetas não me satisfazem, a ausência de formas e cores me fazem falta. E desse jeito eu não consigo ver o seu retrato. Algo que deveria me tirar essa escuridão de perto de mim mascarada por um simples ponto de luz agora inexistente.
Levanto-me para acender a luz e vejo por uma fresta da minha porta fechada com um feixe de luz que ilumina a foto que seguro. Eu só consigo ver partes dela. Ou seus olhos profundos, ou seu sorriso tímido e suave ou seu cabelo. Me prendo a esse passatempo até me dar conta que eu faço isso para ver cada parte que eu gosto tanto no seu rosto de cada vez. Não tenho mais uma parte favorita, pois não vejo tudo de uma vez. Cada parte que eu vejo é minha predileta enquanto estou vendo.
Esse tipo de coisa eu não veria em um lugar iluminado, onde houvesse tons de cores os quais eu nem soubesse nomear. Me vejo em um lugar certo e a solidão é passageira. Em um quarto escuro com um feixe de luz eu me sinto só, mas não perdido. É só questão de me apegar a pequenos detalhes que tudo parece melhor no fim. Tal como nesse texto... Tal como uma escala de tons.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
O acaso não anda sozinho.
Você se encontra ali pensando no nada. Olhando para o céu e esperando ver com clareza as estrelas que você certamente não verá enquanto o vento bate no seu rosto. O casaco cinza que você veste te protege da brisa leve e gelada trazida pela estação do outono. Você veste seu tênis mais confortável e sua calça mais barata. Na mão esquerda uma garrafa pela metade da sua bebida favorita e na mão direita a tampa da garrafa.
É um momento que você se vê confortável. Não te falta nada, apenas uma coisa. Você só se dá conta quando está debruçado segurando a sua bebida. Você está apoiando-se usando seus antebraços e deixando o corpo um pouco curvado para frente, conseguindo olhar a rua.
A movimentação na rua é constante e os sons ecoam até o 21º andar. Você enfim se dá conta de que o que falta é o som do nada. O som dos seus pensamentos e nada mais. Os olhos se fecham, você sente a brisa no rosto e nada mais parece existir. Por um mero segundo você acha a paz que você procurava e tudo é perfeito.
De repente algo fica preso na sua mão entreaberta, a qual segurava a tampa da garrafa. É um pedaço pequeno de papel rasgado trazido pelo vento. Você desdobra o papel e vê a palavra "falta" no papel e instintivamente procura pela fonte desse papel.
Não muito longe você vê uma pessoa também no topo de um outro prédio jogando pedacinhos de um papel que está a rasgar para o vento levar consigo. Essa pessoa te vê de volta ao você mostrar um dos pedacinhos de papel na mão e jogá-lo ao vento novamente. Você dá um sorriso leve e ela sorri de volta.
Acabou que você se deu conta de que você conheceu alguém que sente falta de algo assim como você... Pessoas esperando que o acaso lhes dessem uma direção e mesmo quando o acaso não parece suficiente. Uma brisa de outono faz tudo se tornar diferente e de um momento tão solitário, surgir algo tão oposto.
sábado, 30 de outubro de 2010
É como sonambulismo...
Eu não entendo isso de você acabar de desvirtuado tão de relance. Você achar tantos defeitos (é, você sempre acaba achando) e depois de tantos você se deixar levar por um. É meio estúpido. Uma peça fazer desmoronar algo tão difícil de se construir. Esse pensamento me fez refletir de verdade. Me senti um hipócrita.
Não consigo me ver longe desse momento destrutivo e menos longe ainda de um sentimento que não me deixa voltar a construir aquilo agora aos pedaços. Mesmo sabendo como fazer parece que não tem mais sentido. Eu achei algo que eu não suporto e isso não me deixa mais suportar nem as outras coisas bobas que eu suportava. Eu não consigo entender bem isso.
Você passa tanto tempo com uma pessoa, conta muitos segredos. E um belo dia você não suporta um detalhe e se magoa. Isso forma uma avalanche que faz cada peça sair do lugar e todo o resto se perde. Um dia que apaga tantos outros. Um desentendimento que se sobrepõe diante de tantos momentos bons. Irracional demais. No entanto, comum demais.
É chato falar de algo ruim fazendo parte disso. Eu me sinto estranho estando em uma posição que não me agrada, mas me vejo estando de mãos atadas. Me sinto por um breve momento um fantoche de valores que me são tão repudiados por mim. Gostaria de mudar essa situação, mas não vejo muita escapatória. Essa é uma mudança que me assusta.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Medo do escuro.
O medo assola seus pensamentos. É uma casa nova, grande, assustadora. A fiação tem problemas e a luz fica piscando, o encanamento range e a faz sentir calafrios e o piso faz mais barulho do que a rua movimentada durante o dia.
A pobre menina se sente assustada como nunca se sentiu. Ela olha para a rua serena e para seu relógio. Sua atenção fica dividida para os dois lados de sua cama enquanto busca um pouco de conforto diante de tanto terror. Mesmo ela tendo conversado com sua mãe e escutado que era normal sentir medo dessas coisas isso não acabou ajudando. O conforto que ela busca não é conquistado.
Ela corre para seu guarda-roupa, pega sua lanterna de fada e pula em sua cama para debaixo do seu cobertor. Faz um barulho enorme, mas por fim ela se sente mais segura. Ela pega seu diário que esconde embaixo do travesseiro e começa a escrever algo parecido com:
"Hoje é meu primeiro dia nessa casa nova. Eu acho que ela é mal assombrada. Parece que ela está me vigiando e me conhece melhor do que ninguém e sabe sempre aonde eu tento me esconder. Não sei explicar. É estranho e assustador.
Eu nunca devia ter dito para a mamãe que eu sou crescida e que não precisava de luz acesa para dormir. Eu estou morrendo de medo agora. Só quero que fique logo de manhã para que eu não sinta mais medo."
E quando a menina acaba de escrever ela espia por baixo do cobertor e são 3:49 horas. Ela se sente mais aliviada, mas ainda apreensiva e logo quando a tranquilidade parece estar se concretizando a luz de sua lanterna se acaba por falta de pilhas e ela grita e sai correndo com o susto.
No corredor escuro ela acaba batendo em uma das mesas e em uma porta até conseguir pegar o trajeto certo. Eis que de repente ela é segurada por alguém e ela solta um grito de desespero. A luz se acende e ela se dá conta de que é sua mãe que foi ver o que acontecia e acabou encontrando-a. Ela acalma Alicia e a leva para o quarto para dormir junto dela e do pai da menina.
Quando amanhece e todos acordam, vão tomar café e a mãe de Alicia diz que é normal ter medo e que muitas vezes é difícil encontrar coragem sozinhos. Porém, quando há com quem dividir esse medo e encontrar segurança, o medo se vai e você nem percebe que teve coragem de procurar essa pessoa para te ajudar e no fim das contas ela só fez a sua coragem crescer.
Alicia sorri e fica ansiosa pela noite. Ela quer ser corajosa dessa vez.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Dois lados de uma moeda.
Mas tem uma coisa que está ligada a esse destino que me intriga. Uma expressão que diz "o mundo gira". Esse é um pensamento que me deixa curioso. Ele realmente acaba vindo a tona em algum momento. Já vi pessoas que fizeram coisas ruins tomarem rumos auto destrutivos e outro que vivem a vida achando que é uma vida boa e no fim das contas eles tem uma válvula que deveria ser de escape sendo algo negativo.
Um exemplo bobo de cada um, respectivamente: Um rapaz sem respeito por quem o chama de amigo acaba sozinho e só com falsos amigos e um rapaz que acha que tem a namorada perfeita, mas no fim das contas ele tem um "tumor" e não uma namorada.
São coisas corriqueiras que você vê em toda esquina. Já aconteceu contigo e já aconteceu comigo. Mas a questão não é essa. A questão é quando o mundo gira e não parece ter girado. Já aconteceu com você? Comigo já...
Um bom tempo se passou e acontecimentos se perderam no tempo. Uns viraram lembranças boas, outros lembranças ruins e outros não viraram nada além de acontecimentos passados. Só que por acaso eu os trouxe de volta. Os resgatei. Sentimentos profundos, conversas íntimas e pensamentos confusos.
Depois eu me dei conta do motivo de eu ter feito isso. E o motivo não me veio à cabeça. Dar satisfação para alguém? Mostrar um sentimento de saudade que mude algo? Meramente dividir isso tudo com alguém?
É uma incógnita dentro da minha cabeça e da minha realidade. Eu não vejo meios de mudar de alguma maneira essas coisas que eu lembrei, mas sei que certas coisas mudaram e que "o mundo girou". Mas no fim das contas, mesmo sabendo que muitas coisas se transformaram em outras... Não sinto ou vejo tal diferença relacionada a mim. Parece que nada mudou por esse motivo. Me sinto um mero espectador.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Algo que aprendi.
O rapaz lutava contra o sono para não esquecer nenhum detalhe do rosto dela quando acabasse dormindo. Queria lembrar de cada segundo, pois sabia que eram os últimos. Por fim ele não aguentou e caiu dormindo nos braços dela. Ela sorriu, pois não tinha visto que o rapaz estava tão cansado. Ela colocou o rapaz em uma posição mais confortável e ficou mexendo em seus cabelos até escurecer.
Quando só se via a lua e as estrelas no céu ela voltou-se para o rapaz. Ficou olhando para ele por horas. Um sorriso suave estava posto em sua face e um olhar de saudade nítido. Era o momento de deixá-lo. Não havia outro caminho a se seguir. A macieira onde se conheceram era testemunha de que eles eram perfeitos um para o outro, mas não havia meios de ficarem juntos.
Chega a manhã e o rapaz acorda. Vê-se sozinho naquele lugar tão calmo e perfeito e só consegue sentir a solidão. Sabe que o sentimento perdurará por muito tempo, mas a perda o afeta de tal maneira que acaba sendo insuportável. Ele acha que não vai suportar e é quando cai uma maçã ao seu lado e ele olha para cima. Vê outras maçãs crescendo e sorri, somente. Pareceu até que a árvore disse pra ele que sempre surgirá alguém quando menos se esperar. O rapaz levanta e vai para casa sem sentir-se tão mal, mas com a saudade apertando seu peito.
Tempos depois ele supera. É sempre assim. Com a superação ele não vê problemas em lembra-se do que passou. Se dá conta que tudo o que ele viveu com ela foi muito bom e ele nunca se esquecerá. O que o machucou acabou não sendo o fato de perdê-la. Foi a perda em si, pois ele nunca a terá perdido enquanto guardar na memória o que eles tiveram. Porém, o sentimento de perda... Isso é sempre o machucará.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Hora de dormir.
Você acordar um dia sem se lembrar se sonhou ou não. Sem se dar conta de que você quis esquecer algo e não ter esquecido. Algo feito anteriormente no momento em que você mantinha o foco em esquecer. E mesmo assim, mais tarde ser exposto quando você deixasse uma memória sua em evidência através de um sonho que você nem se lembra de ter sonhado, acabando sendo refletido em atos, sentimentos. Estranho pensar nisso.
Você acorda e não sonhou nada, só sente que descançou e levanta da sua cama para cansar-se e novamente vir a querer dormir. Um ciclo mecânico e entediante em que você se assusta com pensamentos repentinos sobre outra pessoa por não saber a origem deles. Alguém que você achou que esqueceu ou alguém que você acaba de conhecer. De repente é uma das pessoas transitando em seus pensamentos e você nomeia isso como momento de nostalgia, saudade. Eu nomenio de "onde eu quero voltar".
Eu acredito que eu sonhe todas as noites e uma das máscaras do meu cérebro seja fazer eu esquecer o sonho. Fazendo eu crer que nem mesmo sonhei. Mas eu sinto falta de certos momentos. Momentos em que eu queria voltar, não mudaria nada... só gostaria de revivê-lo. Não por saudade. Apenas para sentir que há como eu voltar a aquele momento e vivê-lo novamente só para ver se aconteceu de verdade. Não importa se for somente dentro da minha cabeça, muito menos se eu não lembrar do sonho. Só o sentimento me interessa.
domingo, 8 de agosto de 2010
Conclusão de um sentimento.
“Bom, eu gostaria de ir direto ao ponto. Escrevo por mim e por meu amigo esta carta. E nós dois não acreditamos que nossas vidas foram levadas em vão. Nós acreditamos em todos os sinais de que elas sentiam algo por nós e estávamos certos. Porém, atrasados.
O caso é que ambas disseram que não havia como nós ficarmos juntos, pois a distância física não supria a sentimental. Isso que acabou conosco. Porém, elas nos falaram para seguirmos com nossas vidas e nós tentamos. Eu aprendi a não mais chorar e meu amigo deixou sua cela e voltou a viver com a liberdade há tanto tempo esquecida por ele. Não adiantou.
Nós morremos sentimentalmente em um domingo. E fomos enterrados poucos dias depois. A morte não foi dolorosa. Foi tranquila, pacífica. O motivo da nossa morte foi não conseguir deixar de acreditar no que nos foi negado pelo destino. Parar e se manter parado nos faz morrer mais rápido. E nós só descobrimos quando estávamos sentindo que não havia mais volta.
Fisicamente perfeitos, mas sentimentalmente despedaçados. Nós sentimos falta de cada segundo com elas. E é isso que nos resta. Saudade e esperança. Tê-las de volta já está fora de questão.
Seguir em frente não faz sentido quando se quer dar meia volta e reaprender a andar para conseguir seguir o ritmo diferente para poder estar com elas. Mas o caminho que trilhamos não tem volta. Uma pena."
E assim foi escrito em uma carta que nunca foi enviada. Que foi mantida em um local de fácil acesso para as moças. Que talvez nunca seja lida ou acabe sendo lida mais de uma vez. Não se sabe ao certo.
O que foi feito dos dois homens? O louco se mantém ocupado lendo livros para que não volte a chorar e o encarcerado não se mantém dentro de casa para não ter tempo de lembrar dos tempos que tiveram juntos.
Levam uma vida normal. São pessoas saudáveis. Eternos apaixonados. Eternamente estilhaçados.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Encarceramento sentimental.
Encontro-me aqui. Entre quatro paredes. Sem pretensão de ter um futuro, estagnado diante de um sentimento de solidão. Cá estou, agarrado a um lugar que me matem preso a lembranças, pois faz todo e qualquer futuro escapar por entre os meus dedos como faria com qualquer um.
Não pareço reconhecer nada além do frio e do limo contidos nas pedras que estão me rodeando. Da madeira putrefata e repleta de cupins, tal como da porta de onde me encontro. A cama onde me deito não é para ser confortável. A comida não é para ter gosto. Nada disso deve tirar o foco do meu pensamento. Da escolha que eu fiz.
E você deve me achar louco, pois a chave da porta está dentro de uma caixa embaixo da minha cama. Eu sou livre. Estou aqui por pura e total vontade. Não cometi nenhum crime, não fiz nada além de me apaixonar. Por tal motivo me mantive aqui isolado. Prometi que ia esperar por ela. Ela não me pediu para esperar, mas eu não consegui me conter.
Não quero ter afazeres que me mantenham ocupado a ponto de esquecer algo. Talvez me esqueça por um breve momento de sua voz ou do cheiro de seu cabelo. Isso acabaria comigo, pois agora é tudo o que eu tenho. Não me importo de estar como estou. Cego como me encontro e amedrontado por ver com tanta nitidez a solidão.
Então me agarro nas lembranças que possuo. Que não são muita coisa. Momentos que eu dividi com ela e que não posso esquecer. Foi tão breve que um eterno apaixonado chamaria de "nada". Porém, esse nada... É o que eu tenho. E até ela voltar. É tudo que terei.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Não é falta de coragem. É falta de valor.
Vieram me falar ontem que um beijo é precedido de atitude, conquista, de um flerte natural e com uma certa incerteza. Deve ser valorizado, tratado com delicadeza e com o máximo de carinho. Sim, concordo. Se não for um beijo ou meia dúzia deles de uma única noite.
Você vai dar valor a algo que está em contagem regressiva? Para que? Para sentir-se melhor quando for dormir por ter conquistado um beijo da mulher que muitos tentaram e poucos conseguiram? Não vejo grande conquista. Não mesmo. Um beijo sem sentimento, sem continuidade sentimental, sem gosto. Qual a graça?
Toda mulher com quem já me envolvi eu quis mais que um momento de uma única noite. Por isso que me arrisquei. Porque não ia ser só um simples momento. Eu queria ver se podia ser mais que isso, nisso que eu apostei. Não vou dizer que sou santo e falar que nunca fiz tal coisa com segundas intenções. Já, mas até nessas situações eu me arrisquei por ser mais que uma noite.
Não vejo finalidade em um momento que no fim das contas é uma conquista para ser trazida a tona em uma mesa de bar. Me expor por tão pouco? Não vale a pena a meu ver. Você pode acabar sendo rejeitado por algo tão sem valor e ainda se pegar chateado com isso. Muitos contras para poucos prós.
terça-feira, 20 de julho de 2010
Um sentimento para um remédio.
Certo. Me conte sobre o problema e vamos resolvê-lo.
Eu acordei e levantei sem poder me mover bem.
Você sofreu algum trauma físico enquanto dormia?
Na verdade não. Acho que foi antes de dormir.
E o que aconteceu antes do senhor ir deitar-se?
Eu disse adeus. Queria ter dito até logo, mas tive que dizer adeus.
Entendo. O senhor acabou sofrendo um trauma em que fez uma ligação entre esse adeus e os movimentos do seu corpo.
Pode ser, mas acho difícil. Eu só não consigo me mover quando eu choro.
Estranho e interessante. O seu trauma causa choro e o choro causa uma paralisia momentânea. A razão do trauma pode nos dizer o problema.
Bom, eu disse adeus para uma pessoa que fazia a minha vida ter aparência de vida.
Você foi obrigado?
Fui.
Quem ou o que te obrigou a tomar esse rumo?
O destino. Não havia mais como ficarmos juntos. Tudo estava contra nós. E eu não podia me ver deixando de sentir o que sentia por ela a cada dia. Preferi guardar o que restou intacto. Tive que ser egoísta. Mas eu pensei também em não fazê-la sentir-se mal por não poder sentir de volta o que eu dizia sentir.
E agora você se arrepende e não se move.
Pois bem. O que eu acho é que você fez uma coisa que não queria, mas julgava necessária pelo simples ato de auto-preservação e preservar um sentimento que você julga importante para os dois.Você não está errado em fazer isso, mas do mesmo jeito você acabou sofrendo com isso de um modo peculiar. O que eu te recomendo é que não se sinta mal com essa situação e tente apenas não chorar. Se ocupe. Viva.
Muito obrigado, doutor. O senhor abriu meus olhos. Farei isso.
O homem passa todos os dias seguintes na frente da sua janela estático. Lágrimas no rosto e um sentimento pesado em seu peito. Ele queria melhorar, mas ele a queria de volta mais ainda. Isso é o que importava.
Patético? Não... Um sentimento puro, intocado, único. Algo pelo que valia a pena lutar.
domingo, 18 de julho de 2010
Estado transitório? Espero que sim.
Um rapaz senta-se em uma praça e fica horas estático com o olhar compenetrado e pensativo fitando o chão com rachaduras. O rapaz está a pensar em uma conversa que teve com uma pessoa que admira e respeita. Uma pessoa que o conhece e pode dizer só com um olhar o que se passa com o rapaz.
E ele ficou lá por horas. Nenhum movimento aparente, nenhuma expressão facial. A conversa o fez refletir como nunca havia feito. Um simples detalhe na sua vida que o fez ficar assim. E ele se mantém dividido entre o rumo tomado com a conversa em uma dualidade sem fim.
A conversa não foi longa. Não foi profunda. Não pareceu uma conversa.
A pessoa perguntou como o rapaz estava. O rapaz responde que está chateado por não conseguir ver uma pessoa muito querida que via com frequencia puramente por contratempos trazidos pelo destino. A pessoa pergunta o que houve com o rapaz que sempre acabava triste e melancólico quando isso acontecia. O rapaz diz apenas: "Ele cresceu.".
Será que é isso que você se torna ao envelhecer? Você vai se tornando mais frio, calculista e racional? Vinicius de Moraes nunca pareceu ser tal coisa. Mas será que no caso dele os tantos amores com os quais se deparou não eram trazidos por uma sorte maior que a do rapaz? Talvez seja isso que tenha feito dele um eterno apaixonado.
O rapaz sentado na praça tenta ver as rachaduras do chão ficarem maiores. Ele tenta acompanhar o tempo naquele breve momento. Ele não consegue. Isso o faz seguir em frente e sentir que ainda pode mudar.
E eu espero que ele consiga.
domingo, 4 de julho de 2010
Reflexão após as 3 da manhã.
O tema do filme é a natureza humana. E isso no decorrer do mesmo é debatido a partir de uma narrativa que eu achei muito interessante. São pensamentos e lembranças de cada um dos personagens chave do filme. Mas são pensamentos que por mais que revelem a trama, são contraditórios, pois focam em assuntos diferentes.
Um deles questiona sobre bondade e maldade, outro sobre como valorizar a vida em um mundo tão caótico e outro procura preservar a vida custe o que custar. E o fim do filme é mostrando o primeiro personagem morto, o segundo valorizando a vida, de fato, e o terceiro vendo o fruto de seu plano ao conseguir fazer a paz reinar na terra, mesmo que matando milhões. Um desfecho que mostra uma conquista baseada em uma mentira.
Isso me fez pensar. E se sempre tiver sido assim? Nós estivermos nos iludindo a cada segundo por puramente estarmos querendo chegar até essa paz como o filme retrata. Seria tão ruim assim acordar um dia e ver o rosto desfigurado de uma realidade desconhecida? Não posso dizer que sim ou que não. Não há como saber.
O que eu posso dizer com certeza é que eu não me importo. Pela primeira vez eu me sinto acompanhando cada momento em que o ponteiro mais ativo do meu relógio se move. E isso me faz mais feliz. O motivo é disso é por pensar em você. A cada momento que eu me deparo com uma dúvida eu me lembro que é desnecessário, pois o que eu sinto é inexplicável. É contraditório. É único. É nosso. E isso faz eu me sentir acima disso, entende?
As incertezas continuam, os problemas não se desfazem e a mudança é inevitável. Só que dessa vez eu não me sinto com medo. Dessa vez eu sei que quando eu quiser muito sonhar eu vou conseguir, pois se não for dormindo vai ser acordado no meio da noite sentindo a sua respiração no meu rosto enquanto você dorme abraçada comigo. Isso faz não ter como sentir medo estando com você.
sábado, 12 de junho de 2010
Sentimento, pensamento e declaração.
Uma das coisas sobre o que eu queria falar é sobre saudade. Eu já falei disso algumas vezes aqui. Coisas expressadas pela palavra "saudade" e não pelo sentimento e de coisas que me fazem sentir saudade. Porém, dessa vez eu quero falar de uma saudade diferente.
Não faz muito tempo que me sinto assim. Nesse estado transitório entre acertos e erros. E me encontro assim por estar apaixonado. Mesmo sendo uma paixão tão diferente das outras, tem uma coisa que eu senti poucas vezes. Que é essa saudade repentina. Uma saudade boba que faz você sentir falta de algo, mas com uma variação de tempo muito menor do que a normal.
Eu já não me sentia assim tinha muito tempo. Essa saudade me fez falta, mas eu nunca pude me dar conta disso até estar com ela. E agora me dei conta de que não foi o regresso dessa saudade que me fez notá-la, foi me apaixonar por ela. Uma paixão tão repentina e que está tão gostosa. Uma paixão que faz eu sentir essa saudade boba. Saudade trazida pelo simples fato de estar horas sem o abraço dela e parecer que são semanas. Bom, acho que isso é o que mostra uma paixão verdadeira.
O outro assunto que eu quero abordar é como essa paixão me fez reparar em coisas que eu nunca reparei. E dessa vez eu me pegar pensando nela sem nem mesmo notar. Apenas por fazer uma ponte entre um pensamento qualquer e ela.
O exemplo disso foi um filme que vi por esses dias. Um filme que eu já havia visto inúmeras vezes. Mas que dessa vez eu vi e acabei pensando nela pelo simples fato de sentir a falta dela.
No decorrer do filme eu me lembrei de cenas e falas, mas uma parte dele me lembrou dela por somente uma frase. A frase colocada no contexto do filme não faz o menor sentido, pois não expressa nenhum sentimento que lembrasse dela exatamente. O sentimento retratado é de orgulho e não é nada relacionado a ponte que eu fiz até pensar nela.
A frase dita era a resposta de uma pergunta. Pergunta que não vem ao caso, pois não importa. O importante foi a resposta. A resposta foi: "todos os dias". No momento em que eu li na legenda do filme essa frase, eu lembrei dela e construí uma pergunta diferente da feita. A pergunta que eu fiz pra mim mesmo foi: "você pensa muito nela?".
E eu queria dizer para ela isso nesse dia que não dá pra deixar de pensar sendo nosso como de tantos outros casais. Um dia piegas, clichê e capitalista. Um dia também perfeito pra dizer que você é apaixonante e que tudo escrito aqui é pra fazê-la sorir, pois você fez eu me sentir assim tão bobo e cativado quanto você. Feliz dia dos namorados.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Cartas de atos.
Depois de longos meses incomunicável e soterrado de problemas me vi livre. Finalmente pude aproveitar o vento batendo no meu rosto de um belo dia de sol. E lá estava eu aproveitando a minha viagem de volta para casa com apenas uma coisa em mente. Poder rever aqueles olhos tão meigos que tanto me faziam sonhar. Eu que tive tanto o que escrever para ela, não pude enviar se quer uma carta, mas por fim entregaria.
Depois de três dias viajando de carro cheguei em casa. Minha família mal podia esperar para me ver depois de tanto tempo. Meus amigos também não podiam esperar. Eu mal havia chegado em casa e já estavam fazendo uma festa. No final da festa após conversar com todos, eu me dei conta que não ouvi nada além de "Você está mudado. Está melhor.". E eu, de fato estava melhor. Não pelo que eu passei, mas pelo presente onde me encontrava.
Passaram-se alguns dias e eu fui ao encontro dela. O clima já era outro. Estava nublado com nuvens carregadas, mas não parecia que choveria. Ou eu que quis acreditar nisso. A meteorologia disse que não iria e, por algum motivo, eu acreditei. Não devia, pois era um equivoco. E eu, que mesmo levando o guarda-chuva, não consegui me manter seco.
Quando consegui finalmente chegar na varanda dela, estava completamente molhado. Parecia um louco por estar com um guarda-chuva na mão e estar ensopado. Ela ao perceber isso riu e me convidou para entrar. Eu tirei aquelas roupas molhadas e ela me emprestou algumas que estavam secas e comecei a contar sobre a viagem. Ela ria, ficava séria e em nenhum momento pareceu desinteressada. Isso me cativou.
Depois de conversar com ela por algumas horas, eu fui buscar as cartas que tinha escrito para ela. Eis que eu me deparo com os papeis já não mais brancos. Todos eles tinham se tornado azuis ou pretos. A chuva os manchou completamente. E eu me senti um bobo de estar olhando para aqueles papeis sem saber o que dizer.
Ela me olhou, deu um sorriso breve e jogou as cartas fora. Ao voltar para a sala de estar e sentarmos para terminar o café, ela me pergunta o que tinha naquelas cartas. Eu comecei a falar tudo que eu lembrava, mas não era em ordem cronológica. Por fim pareciam idéias avoadas e sem sentido.
Ela acabou me olhando com uma feição no rosto de desentendimento e ao tentar me ajudar e acabou com mãos tão atadas quanto as minhas. Quando eu percebi que eu não estava conseguindo sair do ponto zero eu resolvi resumir. Eu pedi para que ela esquecesse tudo que eu havia falado sobre as cartas e perguntei se ela se lembrava como eram as coisas que eu escrevia. Ela disse que se lembrava perfeitamente. Então perguntei se ela achava que era algo que desse prazer de se ler. Ela, novamente, respondeu que sim. E eu concluí dizendo, enfim: "Pois, bem. Se tudo que você leu escrito por mim eu disse que era bom. Imagine as cartas como as coisas mais lindas que eu já escrevi. Coisas que eu só poderei te fazer entender realmente estando ao seu lado e te mostrando a cada dia que se passar quais eram tais palavras.”.
Ela deu um sorriso com um toque de lisongeio e de doçura. O depois disso, foi a história que estava naquelas cartas sendo escrita. Uma história que foi feita de momentos sentidos por uma só pessoa, que se tornariam momentos vividos por duas.
A falta de racionalidade me espanta.
É uma pergunta meio sem sentido, pois eu acredito que ninguém goste de parecer um imbecil. Mas tem gente que faz sem nem perceber. Se eu faço ou fiz e não percebo, eu sou tão "comum" quanto essas pessoas, mas o caso não é esse. O caso é que para uma pessoa que não tem esse costume é muito estranho. Você vê alguém agindo assim e vê a estupidez que é aquilo.
Quando você vê um bebê, por exemplo, você vai falar algo com a criança e fica fazendo "voz de bebê". O que diabos é "voz de bebê”? Você fala errado, totalmente enrolado e fica fazendo cara de idiota pra ver a reação da criança. Aí ela ri. É meio obvio. Se ponha no lugar da criança. Você também não riria dessa idiotice? E isso também acontece com cachorros. Isso me deixa mais impressionado. Você age assim e espera uma resposta do animal. Falando normalmente o bicho já não faz. Falando que nem "bebê" ele vai entender? Creio que não.
Mas o que eu mais acho incrível é quando um casal começa com essa história de onomatopéias estranhas. Não é possível a paixão, amor, ternura, enfim, não é possível que isso ludibrie completamente a sanidade mental da pessoa. Não tem como você estar mentalmente sóbrio e fazer algo como essa voz citada anteriormente. É muito idiota.
Ou quando não chega a ponto das onomatopéias, mas das comparações. Comparar a mulher a flores, comparar a animais julgados "fofos" ou a poemas. Precisa virar homossexual pra comparar a sua mulher? Ou não, beleza, você apenas quer fazer uma comparação e a compara a algo que ela gosta. Nada de errado com isso. Mas eu nunca vi um homem comparando a mulher a algo que gosta (carros, jogos, filmes, musicas) que mostrassem muito mais masculinidade e não parecesse uma piada.
Concluindo, eu não entendo de jeito nenhum como isso é proveitoso em um namoro. Onomatopéias e comparações sem sentido. Em vez de usar "voz de bebê" tente apenas dizer com uma voz calma que a ama. Você atingirá o mesmo ponto e não parecerá um idiota. E não a compare a coisas idiotas tais como "animais fofos". Deus do céu, homem, diga apenas que não existe alguém como ela. É a mais pura verdade biologicamente e sentimentalmente. Você não se passa por nada e ainda consegue um sorriso dela.
sábado, 15 de maio de 2010
"Não desfoque esse sentimento."
E assim, eu acreditava que era esse conceito. Achei que fosse uma definição universal, mas vi no fim das contas que não é. Existem definições variadas dessa palavra tão comum. E, além de definições, existem coisas que você expressa, com essa simples palavra, que não sugerem que você sente falta de algo simplesmente.
Um conceito que eu nunca entendi dessa palavra é o que eu chamo de "inexistente". É basicamente quando a pessoa diz que sente a sua falta, mas não faz questão de te ver. Ela te diz algo como: "Oi! Que saudade!”, e morre por aí. Ela não tenta dar um jeito nisso. Ela simplesmente diz que sente algo por seja lá qual o motivo, mas não quer que nada mude. Não é uma posição tomada por comodidade, preguiça, ou algo parecido. É só um sentimento que não faz a pessoa sentir nada. Ou se sente, não vê um motivo bom o suficiente para deixar de sentir. Isso me faz não conseguir entender como isso pode fazer sentido para alguém. Enfim...
Quanto a alguma coisa expressa pela palavra "saudade", que não significa saudade, eu tenho mais de um exemplo. Um deles é simples. Quando a mulher te diz que sente saudade da época que vocês estavam juntos, mas dizendo que foi melhor o término. Meio complicado? Eu vou explicar. Em vez de ser ouvido: "saudade de você" a mulher tenta assumir uma posição de rancor e diz algo como: "ainda bem que não estamos mais juntos". Isso é um sinal cristalino de saudade. Eu chamo de "saudade ridícula", pois é estúpido quando tem essa finalidade. Uma mera atmosfera negativa criada para dizer algo tão legal. Seria mais fácil não dizer nada em vez de desfigurar um seintimento que carrega tanta ternura.
Outro exemplo é o que eu chamo de "saudade disfarçada". É quando a pessoa te fala: "estou com saudades", mas querendo dizer: "você sente a minha falta?". Eu acho isso idiota. É tão ruim dizer essa segunda frase? Quem disse que assumir a posição de carência que você se encontra é se rebaixar? Você está deixando de vestir uma máscara. Isso deveria ser bom, mas não é. Você prefere camuflar o seu sentimento através de outro. Certas vezes sem nem notar, outras completamente ciente.
O caso é que eu não procuro usar esse sentimento de uma outra maneira. Procuro seguir esse conceito simples. Ficar criando conceitos alternativos é besteira. Isso não vai me fazer mais único que ninguém. Só mais complicado. E, assim, eu digo com nenhum pingo de dúvida que eu sinto saudade de muitas coisas. E, somente sinto isso por querer voltar no tempo e viver cada uma dessas memórias que me fazem sentir o que sinto. Pois, do que seria feita uma saudade se não fosse a vontade de reviver um certo momento, de provar um certo beijo, ou de dizer mais uma vez "te amo”? Eu te digo o que seria. Seria um sentimento com esse nome, mas que expressasse outra coisa. Qualquer uma, menos saudade.
domingo, 11 de abril de 2010
O que importou foi a promessa cumprida.
A situação do meu batalhão é precária, pois estamos envolvidos pela fome e pelo desgaste. Um dos nossos melhores atiradores foi abatido ontem pela tarde. Ele continua nos apoiando na batalha, mas não acho que ele vá conseguir sobreviver.
As perdas estão mais constantes que nunca. A vitória está nos deixando a cada minuto, mas estamos honrando as nossas posições diante da batalha. Dois de nossos companheiros não conseguiram se salvar. A cada momento o soldado Saudade fala sobre eles. Foi o cabo Determinação e o tenente Inspiração que foram atingidos. Dois bons soldados que não sobreviveram.
Eu estou tentando fazer com que meus homens não se abalem, mas está complicado. Essa tarefa não parece ter um modo certo para que eu consiga. Nós que, como soldados, prometemos honrar o nosso uniforme e realizar uma missão estamos hesitando. Repensando sobre valores e metas. Escutei um tiro. É o aviso que outra luta está por vir.
Hoje é dia 10 de abril de 2010. Eu fui abatido. A única coisa que me mantém são é conversar com meus companheiros e focar na minha escrita. A morfina já está acabando e eu não sei como será quando eu sentir essa dor toda.
A batalha de ontem foi muito difícil. Parece que a cada dia surgem mais reforços e novos meios de ataques. Com isso, perdemos mais um bom soldado. Um amigo do soldado Saudade. Este, que não se conforma com a perda. Era o soldado que mais motivava o grupo. O nome desse bravo soldado era Paixão.
A cada dia que passa um de nós é morto na troca de tiros ou até mesmo por um descuido durante a noite. Isso me preocupa. O meu batalhão diminuiu drasticamente em dois dias. E ainda temos que segurar as tropas vindas do norte.
Dia 11 de abril de 2010. As tropas chegaram com reforços e salvaram o meu batalhão. Foi uma bela manhã de domingo. Nós acabamos cumprindo a nossa missão. É uma vitória que não se compara com a guerra, mas nos faz ser duplamente vencedores. Nós vencemos e sobrevivemos.
Meu batalhão volta para a base. O grupo era formado por 15 homens. Agora só restam 3. Uma pena terem morrido tantos bons homens, mas ao menos os que sobraram honraram a morte dos outros.
E eu que fui abatido ontem escrevi isso sem saber do dia de hoje. Eu somente apostei que isso se realizasse. Talvez eu nem tenha acertado. Talvez meramente me prendi a um sonho que tive minutos antes da morfina acabar e eu saber que ia morrer. Agora eu estou entre os companheiros que deixaram a batalha.
O que me deixa triste é que em guerras não existem lapides. Mas se a minha família quiser comprar uma que seja simbólica eu gostaria que estivesse escrito:
Esperança
2009 - 2010
"Abatido em combate para salvar seus companheiros."
Quem eu salvei? Os homens que chegaram à nossa base e souberam que o nosso governo assinou a rendição. Mas que mesmo assim foram condecorados com medalhas de bravura. O nome deles foi gravado atrás de uma medalha exposta em uma das galerias do exército como soldados com tenacidade. E assim estava gravado:
"Congratulações aos soldados Amor, Sinceridade e Saudade. Bravos soldados que cumpriram sua missão independente do que os abateu. Soldados que serão sempre lembrados pelos seus companheiros que perderam nas batalhas."
E o que eu vejo daqui onde estou, é meramente uma batalha vencida em uma guerra perdida. Onde não há mocinhos e bandidos. Apenas uma batalha motivada pela honra e comprometimento de um exército que lutou por um ideal. Um ideal nobre que não chegou a ser concretizado.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Cheio querendo estar vazio.
É tão ruim me pegar revirando fotos antigas na minha memória. Fotos. Não são mais imagens postas em movimento que me fazem lembrar. Só imagens estáticas que foram extraídas de uma câmera após um flash. Ao menos deveriam ser assim até eu lembrar algumas delas.
Estou cansado de lembrar coisas que deveriam ser boas. O verbo ter se tornado um verbo do passado faz com que cada uma dessas lembranças me faça chorar. Não por eu lembrar delas. Apenas por não mais poder vivê-las.
Não estou generalizando e falando de qualquer memória que tenho. Eu não choraria ao lembrar a primeira vez que andei de bicicleta ou do meu primeiro beijo. Eu fico triste ao lembrar DELAS. Pois é. Eu que sempre tento continuar andando me vejo parado de frente para uma parede onde só existem fotos delas.
Não é tão ruim lembrar delas por um lado. Porém, por outro é desesperador. Eu ainda lembro-me do perfume de uma delas, do beijo de outra, e dos cabelos de outra entre os meus dedos ao passar a mão pela nuca dela. Esses fatos não me fazem mal algum. Consigo viver com cada um deles com serenidade.
Os fatos ruins são trazidos após o esquecimento. Quando eu acho que esqueci, mas apenas consegui omitir certos fatos de mim mesmo. Tal como a risada de uma delas. Uma dessas com quem me envolvi sentimentalmente. Uma risada feliz e contagiante que fez de mim um poeta triste e amargo, talvez. Ela sorriu e eu sorri de volta. Ela sentia alegria e eu inveja e mágoa.
O que foi dito na conversa não importa. Nada ali me ajudou. O que eu disse para mim mesmo que deveria importar. Mas o máximo que eu consegui foi pensar na frase clichê "umas se ganha, outras se perde" e "acontece".
O que me faz querer me tornar vazio tal como uma máquina? O fato dela estar feliz e saber que ao contar a ela a minha infelicidade ela deixará de ser feliz. Sendo vazio, o meu estado sentimental seria inexistente e faria com que ela não fosse afetada.
No fim das contas eu entendo aquela história melosa que diz: "quero que ela seja feliz mesmo que com outro". É história de perdedor, corno, fraco... Todos esses são desistentes, pois ao desistir nada mais consumirá a mente deles. Eles simplesmente abdicam do compromisso que tem com o sentimento.
Pena eu não conseguir fazer isso por ser esperançoso, paciente (odeio esperar, mas tenho), calmo e apaixonado. Ainda apaixonado. Eu preferia ser simplesmente fraco. Eu perderia e desistiria. Mas agora estou eu aqui. Perdi, mas quero lutar. Só preciso de uma chance. Mas não sei se acredito que a terei.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Últimas palavras.
-Eu ouvi você chamar. Não precisa me apressar, já estou indo. Eu sei que você não quer esperar que eu vá ao seu encontro, mas eu preciso resolver umas coisas. Que coisas? Eu preciso terminar de escrever o que eu estou escrevendo. Não é nada de mais. Vou ler para você. Diz assim:
"Já não consigo mais. Está tudo tão desfocado na minha vida que eu não enxergo mais nada. Vejo que eu não vou conseguir suportar isso nem mais um minuto. Então cederei aos desejos obscuros e fúnebres e deixarei tudo para trás.
Não sintam pena de mim ou algo do gênero. Vocês são ótimos. Quando eu digo "vocês" não se remete somente a quem encontrar essas carta e mostrar para outra pessoa, mas me refiro a amigos e família.
O motivo de tudo estar assim é por eu me sentir só e não poder mais lidar com isso. Sinto falta de paixões, amores e conquistas. Nada além disso, porém não mais consigo tê-los e isso me faz querer tomar esse rumo.
Gostaria de dizer para todas que amei que eu lembrarei de cada uma e para todas que eu disse que não amei ou me equivoquei que me desculpem. Para os amigos quero dizer que todos são ótimos. Não foram vocês que me fizeram tomar a decisão que eu tomei, relaxem. Foi a minha vida que fez isso comigo. E para a minha família quero dizer que sentirei saudade, mas não levem isso como uma ironia de quem devia ter ficado e vivido essa saudade. Eu nunca consegui. Me desculpem por isso."
-Como ficou até agora? Eu sei que não está muito bom, mas tenho uma idéia sobre algo para escrever além disso. Algo poético... Como:
"Pensamentos transitam minha cabeça me deixando inquieto e inseguro. Uma visão turva de um mundo onde não mais consigo ver imagens puras. Somente vejo rachaduras e lágrimas. Eu momentos simples e corriqueiros sinto-me sendo observado e possuído pela hesitação. Vejo meu reflexo em lâminas e quase não consigo me conter ao ver cordas que ficariam lindas em torno do meu pescoço. Somente nessas horas imagino um momento de libertação, mas também de perda. Fico confuso e ludibriado. Não consigo me mover normalmente, pois me deixo levar por esse sentimento amargo. Um gatilho, uma bala, um rumo que eu tomei e não sei se me arrependerei."
-Eu sei que eu não tenho uma arma. Eu só quis escrever algo poético e dramático. Você é muito detalhista, morte. Cale a boca e deixe-me tirar meus óculos e abrir a janela. Ah... Muito engraçada essa piada sobre pássaros. Mas eu não pretendo aprender a voar. Meu objetivo é cair. Sim... Isso foi frio. Você deve saber.
Uma janela se abre, escuta-se alguém correndo e se lançando para fora do 14º andar. Foram péssimos 3 segundos.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Nem deu tempo de dizer adeus.
Eu quero finalmente assumir uma coisa. Eu me apaixonei. Não consegui fazer o que eu queria... Que era deixar de lado essa história de idealizar uma mulher. Eu ainda quero, porém ainda não consegui aprender como não me apegar tanto. Depois do primeiro beijo tudo sempre se torna diferente e eu começo a sonhar acordado.
Serei sincero e direi sem me prolongar. Eu detestei ter me apaixonado por ela. Não é a primeira vez que eu me arrependo de me equivocar assim. Já tive namoradas que não pude dizer que foram boas. Sempre disse e digo que elas fizeram com que eu perdesse meu tempo. Só que a diferença é que foram namoradas. Eu pude chamá-las de "minha". Dessa vez eu não tinha compromisso nenhum.
A garota fazia questão de falar que queria ser solteira. Eu me sentia um jogador reserva que se sentava no banco todo jogo, mas que nos treinos queria se ressaltar. Entendeu a analogia? Era bem isso que acontecia. E eu não me ressaltei nenhuma vez. Ela disse que apostaria em algo entre nós se estivesse disposta a tentar, mas não era o que ela queria.
No começo eu não ligava para esses comentários. "Não quero namorar", "nada de compromisso", "não vou me apaixonar". Eu ouvia isso como se ela falasse que estaria dando uma de durona, mas que talvez cedesse. Não foi o caso. Eu que acabei desistindo. Era desmotivaste demais me apaixonar a cada beijo e ver que para ela era só mais um beijo.
Talvez para ela tenha sido mais do que eu penso que foi. Só que eu acabo me enganando. Sempre acho que eu marquei mais e algumas vezes não foi assim. Ou meramente não é dito que eu marquei pelo orgulho ou algum valor desses. O caso é que eu não vou propor a ela nada que a faça me dizer se eu fui ou sou algo além de mais um. O que vinha dela era essa imagem de querer ser descartável. Não é tão sujo quanto pareceu. Descartável que me referi é relativo à falta de muita importância para com os beijos, momentos e havia e há uma ausência de sentimentos nítida vindo dela.
O que me fez escrever esse texto foi o pesar que eu senti ao me deparar com esses pensamentos. Ela que sem me dar nada, receberia de mim tudo que senti e eu não veria como uma troca injusta. Não me importaria. Somente pelo primeiro beijo ter tudo para dar errado, mas me descolar do chão instantaneamente. Tudo isso que eu senti e nada que eu pude levar a diante. Ela que agora se parece cada vez mais com uma das minhas ex namoradas. Logo uma que me fez sentir uma mágoa enorme...
Impressionante aonde chegamos. Algo que poderia ser tão bom, que poderia ser algo, de fato... Rejeitado pelo simples fato dela estar ligada demais a um passado recente que não quer mais viver. Não tem como não achar esse pensamento errado. Ela transformar um término de uma relação em um problema com nome de "compromisso". A relação em si não teve problema... Só o término. Esse pequeno detalhe a fez não querer ter compromisso com ninguém por um tempo. Além disso, ela diz que também não quer sair e beijar qualquer rapaz que queira um beijo dela. Contraditório até ela dizer que nunca beijou mais do que 10 rapazes. Não quer compromisso nem ficar sem rumo quanto a isso. Complicado.
Por um momento pensei que o valor que eu dava a ela era essa pureza de ser intocada. Depois de um tempo vi que nunca foi. Não há como ela ser pura assim sendo tão fria como parece ser. Eu não sei o que ela fez para eu idealizar uma equação tão perfeita a ponto de me fazer querer tanto desvendar o resultado. Só sei que eu não faço mais questão. Ela me motivou a isso.
Ela pareceu tanto querer ser um troféu. E eu querendo tanto que ela se tornasse "minha". Sinto-me triste dizendo que ela conseguiu o que queria. Eu? Eu tentarei esquecer o que eu queria. Parece equilibrado assim.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Ser racional e sincero?
Essas diferenças ficam mais salientes em casais, presumo eu. O fato de ter um casal junto, mas sem compromisso é algo realmente intrigante. Não há sentimento, não há compromisso, mas se um dos dois beija alguma outra pessoa acaba trazendo mágoa para um dos dois do casal ou parada os dois. Acho isso idiota. Num faz sentido. Não há aquele contrato verbal nem nada. Mesmo assim fazer isso é um ato de "maldade".
E quando o rapaz toca no assunto "sexo" ou nem toda, simplesmente deixa escapar, e revela que quer fazer sexo com a "parceira". A mulher o trata como um troglodita que falou o que não devia. Isso é impressionante. Extremamente irracional, porque se existe um casal, mesmo que sem compromisso, é um fato que há um impulso tendendo para o sexo. Se não houvesse eles não estariam juntos mesmo que separados, certo? Mas a sinceridade trai o homem.
Quando a mulher que fala de sexo é logo vista como vagabunda. Ela não pode sentir desejo sexual nenhum. Tem que se fazer de boneca inflável até o rapaz tomar alguma atitude. É assim que funciona. O rapaz toma atitude e a mulher vai na dele ou não. Não sendo assim há algo de errado. Ridículo.
No fim das contas você trai você mesmo por ser sincero. Ao contar que beijou outra ou falando que tem vontade de levar a "relação" para um nível mais físico, mesmo que baseando-se em curiosidade. Mais estúpido ainda. Todas as pessoas pedem sinceridade, mas não lidam bem com ela.
Eu mesmo me deparo com situações de sinceridade que eu não consigo ser racional e me deixo levar por emoções. Porém, geralmente é quando alguém insiste em dizer algo do tipo "não passará de um caso" ou algo assim. Beleza, já entendi. Não me magoei nem nada. Isso na primeira vez. Lá pela sexta é complicado não se deixar levar.
Enfim... Eu não entendo o lado racional desse tipo de coisa. Parece sempre que o melhor a se fazer é aprender a mentir. Ser um bom mentiroso parece dar menos trabalho. Medíocre assim. Não parece valer a pena mesmo ser sincero. Mentindo é mais fácil e o resultado é o mesmo. Sorte que eu não sou assim. Ou pena. Já não sei mais.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Cinco... Só cinco anos.
Eu fiquei pensando no que escrever por alguns dias. Mentalmente ordenando as palavras de forma que ficassem mais fáceis de entender por aqui. Um exercício bobo uma vez que eu não faria nada com aquele rascunho feito na minha cabeça.
Só que hoje eu pensei numa coisa. Nesses cinco anos que passaram. Tiveram tantas coisas nesse período curto. Eu me apaixonei, me magoei, me viciei em jogos idiotas... Fiz mil e uma coisas. Algumas que eu me arrependo e outras não. Principalmente pelo lado sentimental. Ah... Como eu queria poder construir algumas histórias de forma diferente.
O ruim é que a maioria acabou de um mesmo jeito. Era um sentimento que eu julgava forte e que valia a pena lutar que no fim acabou. Fazendo eu só ter contato com essas mulheres que eu quis tanto por uma janela no computador. De um sentimento que eu chamava de paixão, mas que era cada um diferente do outro acabando assim. Um contato sustentando por energia elétrica e internet.
Existem aquelas que me querem mais presente e aquelas que parecem sentir repulsa de mim. Essas são fáceis de entender. Ou ainda sentem carinho por mim ou me detestam. Simples assim. Complicadas são aquelas que parecem gostar, mas não querem se aproximar. Mesmo por computador existe uma barreira além do computador, de fato. Esse é o tipo de coisa que me intriga.
Pena não ter como montar esse quebra-cabeças. Essa equação será sempre um mistério. Quem sabe um dia eu possa voltar ao zero e mudar alguma coisa, não é? Talvez daqui a cinco anos.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Começou e acabou antes de de fato começar.
-Oi, Pri. Tudo bom?
-Tudo e você, Alex?
-Mais ou menos. Queria te falar uma coisa.
A garota mostrou-se com um olhar preocupado e na face uma expressão de desentendimento. Com essa expressão e olhar prosseguiu a conversa assim:
-Pode falar qualquer coisa. Você sabe que eu adoro ajudar.
O rapaz olha para o chão e começa seu relato.
-A sua amiga Julia é muito legal. Eu acho que vai ser inevitável não se apaixonar por ela. O beijo dela é perfeito, o abraço dela me faz lembrar-se de coisas boas aleatórias e eu nem sei o motivo disso e o olhar dela quando eu faço uma piada que a deixa sem jeito me faz ficar bobo.
A garota solta um sorriso feliz e diz:
-Ah! E eu que achei que fosse uma coisa ruim que você ia falar!
Mesmo depois de falar isso o rapaz não sorri e nem muda o olhar. Continua parecendo triste. Não se abala com a amiga parecendo feliz e continua dizendo:
-Isso não é bom, Pri. Eu não quero isso para mim.
A garota volta a não entender nada e pergunta o motivo. O rapaz responde:
-Esse é o lado sentimental. O lado dos fatos são outros e não me deixam ter esperanças. Ela não parece querer mais alguém para estar com ela. Ela só parece não querer estar só, mas somente acompanhada. Nada de paixão ou amor. Somente segurança.
A amiga não entende bem e diz:
-Mas ela fez algo ou falou algo para parecer isso?
O rapaz responde:
-Não. Só diz estar magoada e não querer mais um relacionamento. Por isso não sei se devo continuar vendo-a. Ela já me conquistou e nem sabe.
Ela me deu um beijo e eu só com isso quis chamá-la de "minha" para que o beijo fosse só "nosso". Isso tudo sem nem ao menos conhecê-la direito para saber se daria certo. Não me importaria de tentar. Valeria à pena, mesmo que eu estivesse equivocado.
A amiga está com cara de assustada e olhando para algo ou alguém atrás do rapaz. O rapaz se vira e vê Julia atrás dele. Faz cara de assustado e suas bochechas ficam coradas. A garota tinha chegado por acaso ao banco de praça onde os amigos conversavam.
Julia parece sem ação e não diz nada. Fica aquele silêncio durante cerca de 10 segundos até que Julia pergunta:
-É verdade, Alex?
Ele responde:
-Sim...
Ela olha sem jeito e pede desculpas e tenta explicar que não tinha como ela saber o quão mal ela parecia fazer. Não tinha nada que ela pudesse fazer. Nem mesmo prever.
-E como vai ser agora?
O rapaz pergunta sem esperança nenhuma.
Julia olha nos olhos coberta de vergonha do rapaz e diz:
-Agora eu saio da sua vida e deixo de te machucar. Você não merece isso e o que você merece e quer, eu não posso te dar. Não acho que seria verdadeiro. Isso não seria correto.
O rapaz parece que não se abalou. Sorri e diz que está tudo certo. Agradece a sinceridade e dá um beijo de despedida no rosto de cada uma e vai embora.
As garotas sentam-se no banco e falam que ele aceitou bem e que estava tudo certo. Palavras falsas vindas de Priscila, pois havia visto uma gota no chão no trajeto que Alex acabara de percorrer. Não era um dia chuvoso e não estava tão calor a ponto do rapaz suar daquele jeito. Era uma lágrima, de fato. Uma que acabara de soltar-se do rosto do rapaz.
A amiga sente-se impotente diante da situação. Ela sabe que o tempo que secaria a lágrima seria curto, mas por mais que não fosse curto com o coração do rapaz ele o faria cicatrizam.